Vida Ativa em Lar: Adriano Campos

Por Sónia Domingues , 02 de Fevereiro de 2023 Idosos


Adriano Augusto da Silva Campos, ou o Senhor Campos, como é conhecido, ingressou na Residência Sénior D. Pedro V, em Braga, por opção própria e está muito satisfeito com a sua escolha. Com 87 anos, nasceu e viveu em Braga toda a sua vida, à exceção de um período de poucos anos. Conserva um refrescante vigor mental e não esconde que é um homem inteligente.

Enfermeiro de profissão, como o seu pai, esteve nos serviços médico-sociais do Hospital de São Marcos, em Braga. Adriano Campos chegou ao topo da carreira profissional, tendo sido diretor dos serviços de enfermagem da Administração Regional de Saúde de Braga até à reforma. Casado com uma enfermeira-parteira também do Hospital de Braga, teve dois filhos, que estão muito presentes na sua vida. Foi fundador da Ordem dos Enfermeiros, da qual muito se orgulha, e também vogal do sindicato do Porto. Detentor de um Diploma de Mérito pela Ordem dos Enfermeiros, Adriano Campos abriu o livro da sua prolífica vida à Lares Online.



Uma escolha pessoal para bem do casal


Porque decidiu ingressar no lar?

Adriano Campos - A minha mulher tem Alzheimer e eu tinha duas cuidadoras a trabalhar, uma de manhã e outra à tarde. Mas depois havia muitas falhas à noite, principalmente. Nos fins-de-semana e feriados, não havia condições para permanecer em casa. Foi essa a razão porque tive que procurar um sítio onde pudesse ter algumas coisas que não tinha em casa e que a minha mulher tivesse o apoio necessário e aqui estou. Foi a razão que me levou a vir mais cedo, digamos assim, porque ela está doente e em casa era complicado.

A minha mulher tem Alzheimer, e já não havia condições para permanecer em casa.



Quem escolheu o lar para si e para a sua esposa?


Adriano Campos - Fui eu que escolhi o lar, até porque vivíamos aqui muito perto, e era fácil ir a casa, como vou constantemente. Vou a casa com bastante frequência, especialmente aos domingos, ou para tratar de alguns assuntos e para pagar as contas. Escolhi este lar também porque a minha filha conhece bem a diretora técnica e também o diretor executivo. Os pais dele eram conhecidos dos meus e a minha filha também o conhecia desde a juventude.

Eu escolhi o lar, queria um lar próximo da minha casa, para poder lá ir com frequência.



Teve alguns receios antes de dar entrada no lar?

Adriano Campos - Não, não tive receios nenhuns, até porque eu já conhecia os lares, por causa das funções que tinha, na Administração Regional de Saúde de Braga. Fiiz parte da Comissão Instaladora durante 3 anos, conhecia bem a realidade.

Já conhecia os lares e visitei alguns, por isso não foi novidade alguma para mim o seu funcionamento e segurança.



Sentiu muitas diferenças entre estar em casa e estar no lar?

Adriano Campos - Há uma coisa que não há dúvida que tem que se destacar, é que a família e a casa é sempre o local onde as pessoas devem permanecer, o mais tempo que puderem. Os lares são necessários, mas são uma alternativa para essas situações. Se calhar mais tarde haverá necessidade de criar empresas fornecedoras de serviços que se articulem com os lares e as famílias, mas isso ainda não existe de forma eficaz, portanto têm que ser os lares, não há outra hipótese.

Em casa há sempre alguns riscos. Eu tive um acidente, pouco antes de vir para o lar. Fiz uma fratura de uma vértebra e ainda não se resolveu, continua a dar complicações. Estava com a minha mulher, foi de manhã, ao levantar. Ela ainda estava deitada e eu ao vestir-me desequilibrei-me, caí de costas. E com algum custo, levantei-me sozinho, vesti-me e depois sofri um bocado. (risos)


Sr. Campos, a ler o jornal em que colabora periodicamente

Vida ativa e produtiva em contexto de lar


Adriano contou à Lares Online que se mantém atento às notícias respeitantes à sua profissão, sobre a qual continua a escrever, mas também evidencia um olhar atento sobre a cidade, não se coibindo de escrever crónicas e cartas para os jornais locais para apontar algo que não esteja tão bem. Muito ativo, o senhor Campos conserva no lar os hábitos de há muitos anos. Às terças-feiras de manhã, sai do lar e faz uma caminhada até à Arcada, café bem conhecido do centro de Braga, para se reunir com os amigos. Gosta de passar muitos domingos na sua casa, onde trata de assuntos como as contas e o correio.




Como ocupa o seu tempo no lar?

Adriano Campos - Música, uns jogos de dominó, há outros jogos, mas não são conhecidos das outras pessoas fora do lar. Escrevo também algumas coisas, já escrevi mais, mas enfim, não dá tempo para tudo. Escrevo sobre várias coisas, mas sobretudo coisas de natureza profissional ou local, quer dizer da cidade, quando vejo coisas que não gosto. Às vezes escrevia no Diário do Minho. Há duas coisas que eu escrevi. Sobre o largo João Penha e sobre a avenida central, o desprezo que durante alguns anos houve para com esta avenida.

Música, jogos de dominó e outros não tão conhecidos. Também escrevo sobre coisas de natureza profissional ou local, daqui de Braga. 



Em que atividades que se realizam no lar mais participa?

Adriano Campos - Eu até trouxe agora umas cartas para tentar implantar cá uns jogos no lar. Participo nas atividades que aqui se realizam e até dou algumas ideias, quando posso. Também leio muito. Estou agora a ler um livro agora sobre a vida do Salazar, um livro recente, em que estão descritas muitas histórias da Grande Guerra.

Participo no coro sénior do Lar com a minha mulher. As pessoas cantam e é bom porque desanuviam a mente e também dilatam os pulmões, que faz muito bem à saúde (risos).


Há outros residentes que tocam instrumentos no coro. Eu também tocava, mas já há anos que deixei. Não tinha tempo para isso. Eu tocava harmónica e cavaquinho. Andei na Inatel e andei nuns cursos de cavaquinho, mas depois parei muito tempo, e se não se tocar com muita frequência perde-se o ritmo.  



Acompanha as notícias sobre os enfermeiros e a profissão?

Adriano Campos - Acompanho, sim. Tenho as notícias no meu telemóvel e também no computador. A realidade mudou bastante, desde o meu tempo ativo... mudou sobretudo a partir da existência da Ordem do Enfermeiros. Hoje, os cursos são mais exigentes, é uma licenciatura e há muitos enfermeiros com doutoramento. 


Sr. Campos, no lar em que reside



Vantagens de residir num lar no centro da cidade


É uma vantagem estar a viver no centro da cidade?

Adriano Campos - Pois é, absolutamente. Eu ainda vou até à Arcada. Dou umas voltas por aqui pelo centro de Braga. Quando o tempo está bom, sento-me num banco a ver as obras e levo a minha mulher comigo. Às vezes vamos lanchar à Queijaria ou à Veneza, que são pastelarias muito boas aqui perto, e vamos passando os dias bem preenchidos.

Claro, ainda dou umas voltas aqui por Braga, e à vezes levo a minha mulher comigo.



Contribui para se manter fisicamente ativo?

Adriano Campos - Sim, assim eu continuo a fazer alguma coisa. Aquilo que posso, faço no lar. Por exemplo, ajudar a minha mulher a despir à noite, isso faço, não preciso de ninguém. E acompanhá-la para aqui e para ali. Mas eu também às vezes saio, deixo-a ficar aqui, que está muito bem cuidada. Por exemplo, tenho uns amigos com quem me junto às terças-feiras de manhã e saio sempre e depois aos fins-de-semana, com os meus filhos.

Sim, assim mantenho os meus dias ocupados, continuo a juntar-me aos meus amigos e sair com os meus filhos.



No edifício do lar funciona um colégio, que é visível do andar de cima. Vêm frequentemente as crianças?

Adriano Campos - Eu gosto de ver os miúdos na brincadeira. Tenho a janela virada para o recreio, e às vezes estou ali um bocado. A minha mulher também gosta muito de ver e ouvir as crianças felizes. 


Há uns tempos atrás, as crianças do colégio, que também têm um coro, cantaram umas canções para nós e nós cantamos para elas. Foi um momento muito bonito.




​Adriano Campos mudou para o lar para a sua esposa ficar mais segura, e não lhes faltar nada. Continua a percorrer as ruas centrais da cidade que o viu nascer, juntamente com a esposa. Desloca-se várias vezes à casa onde vivia, e continua a gerir a sua vida, com o conforto e a segurança que a residência sénior D. Pedro V em Braga lhe proporciona.



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