Quarto individual ou partilhado em lar: qual o melhor para o idoso?
Por Catarina Sousa , 08 de Fevereiro de 2022 Lares e Residências
A viver uma fase fundamental do seu ciclo de vida, um idoso quer continuar a sentir-se acolhido, na comunidade. A sua integração num lar deve ser construída de forma que a transição do meio familiar para o lar seja o mais benéfica possível. Nesta etapa, a escolha do quarto, individual ou partilhado, é determinante para o sucesso da adaptação do idoso.
O quarto é um espaço de privacidade, que assume um papel importante durante toda a vida. É o nosso ambiente, o local onde construímos a nossa identidade, onde manifestamos sentimentos, refletimos, tomamos decisões ou partilhamos a nossa intimidade com alguém. O familiar do idoso, e o próprio, devem fazer uma escolha consciente. Para isso, é necessário que lhes sejam dadas a conhecer as condições dos quartos e as diferentes possibilidades.
Tipos de quartos em lar de idosos
Os lares de idosos desenvolvem-se normalmente numa tipologia de quartos. Estes quartos, previstos na legislação, podem ser individuais, duplos ou triplos. Também existem suites, com casas de banho privativas ou mesmo pequenas salas ou kitchenetes. A ergonomia de qualquer uma das tipologias deve adequar-se à mobilidade da pessoa idosa. Os cómodos devem ter espaço suficiente para que os residentes circulem à vontade e possam passar tempo no quarto, fora da cama.
Existem lares com quartos individuais, duplos e triplos. Cada vez mais estes incluem casas de banho privativas, para privacidade e conveniência dos residentes.
A ventilação e iluminação dos quartos deve ser o mais natural possível, privilegiando as janelas viradas para o exterior, se a disposição do edifício o permitir. Aconselha-se que o mobiliário seja idêntico ao de uma habitação. Se o quarto for individual pode mesmo incluir peças que possam vir da anterior residência do idoso. Móveis resistentes, com design moderno e de fácil limpeza, para a arrumação e devida organização dos objetos pessoais dos idosos.
Todos os quartos têm que ser acessíveis a pessoas em cadeira de rodas e devem possuir sistemas de controlo e alarme. As pessoas com necessidades de cuidados permanentes têm direito a uma cama articulada, que facilite o processo de assistência, e a colchões antiescaras sempre que necessário.
Quarto individual: perfeito para idosos independentes
Os residentes em melhores condições de saúde, mais autónomos e que desejem dormir sozinhos, devem permanecer em quarto individual. Pessoas sãs cognitivamente acabam por valorizar especialmente a intimidade e privacidade, quando se mudam para um lar.
Esta tipologia de quarto deve ter, no mínimo, 10 metros quadrados. Pode tratar-se de um espaço mais personalizado, visto que não tem de ser dividido com mais nenhum idoso residente. O idoso, se o diretor técnico assim o indicar, pode levar para além de peças de decoração alguma mobília que lhe seja querida e caiba no espaço disponível.No quarto individual do lar existe mais privacidade e normalmente há a possibilidade de o idoso personalizar o espaço.
Esta solução pode favorecer o isolamento do idoso, principalmente no momento inicial de adaptação ao lar. Por outro lado, podem existir benefícios psicológicos, para o caso de o idoso precisar de tempo para analisar o lar, ou preferir a calma de um espaço só seu.
O lado negativo é que esta é a opção que normalmente acarreta maiores custos. Os valores variam consoante a dimensão do quarto, a sua localização na instituição, o acesso direto ou não ao exterior, e, por vezes, o mobiliário. Pode existir ou não acesso a uma casa de banho privativa, onde o idoso pode também deixar os seus bens pessoais.
Quarto partilhado: opção segura para idosos dependentes
O quarto partilhado pode ser duplo ou triplo, o que significa que o idoso pode partilhar o seu espaço com mais um residente, ou com dois. É aconselhado para idosos que beneficiem de companhia. Pessoas dependentes, com depressão ou demência também não devem ficar sozinhas.
Trata-se em geral de uma questão de segurança. Em caso de indisposição noturna, o companheiro do idoso pode alertar os auxiliares de que algo não está bem. Em caso de problema em que o idoso em dificuldades não consiga aceder à campainha de ajuda, independentemente da altura do dia, o seu companheiro pode dar o alerta aos funcionários do lar. Estas situações em quartos individuais são muito mais difíceis de identificar, particularmente de noite.
Num quarto partilhado, a companhia é sinónimo de segurança para o idoso dependente, com dificuldades de mobilidade, fragilizado com depressão ou demência.
Algumas instituições permitem que mesmo os quartos partilhados sejam decorados ao gosto dos residentes. Falamos de decoração menos predominante, como molduras com fotografias, decoração da mesa de cabeceira e bens pessoais. Isto é possível para que se tornem o mais semelhante possível ao anterior ambiente familiar do idoso, em casa. Este detalhe ajuda a atenuar o sofrimento na mudança de vida destas pessoas.
O quarto duplo deve, por lei, ter uma área de pelo menos 16 metros quadrados, e o triplo 20,5 metros quadrados. A casa de banho dos residentes nesta tipologia de quarto pode ser privativa ou localizar-se na zona próxima do quarto, e servir um máximo de quatro idosos.
O tipo de quarto é uma escolha pessoal
No quarto individual, o idoso tem maior privacidade e pode personalizar todo o espaço. Esta opção deve, no entanto, ser bem avaliada, uma vez que, pode favorecer o isolamento do idoso, particularmente no processo inicial de adaptação. Nestes casos, é importante falar com o diretor técnico ou responsável e perceber a melhor forma de atuação do pessoal do lar e da própria família.
A partilha é positiva, quando necessária, nomeadamente nos casos de dependência referidos, ou por opção do idoso. A companhia é importante no processo de envelhecimento, e uma oportunidade de combater a solidão. Promove sentimentos de confiança e segurança. Pode, contudo, fragilizar relações entre os idosos que passem demasiado tempo juntos, no mesmo espaço, assim como condicionar a sua privacidade.
Uma escolha inicial não deve condicionar a estadia do idoso no lar para sempre, há margem para adaptações consoante as necessidades e desejos do residente.
Por vezes, os idosos podem ter necessidade de, ou optar por, uma tipologia diferente da inicialmente escolhida. As opções de vaga iniciais também refletem isto. Há dois cenários frequentes: passar de quarto individual para partilhado, ou vice-versa. O primeiro cenário normalmente espelha um acréscimo de dependência ou necessidade de maior acompanhamento, e acontece ao final de algum tempo da estadia do idoso no lar. O segundo cenário acontece quando não existe vaga imediata em quarto individual, e então o idoso ingressa em quarto partilhado. Assim que surge a possibilidade, o residente muda de tipologia de quarto.