Porque ter licença não basta num lar de idosos

Por Sónia Domingues , 24 de Março de 2023 Profissionais


Vai-não-vai, as televisões e páginas de jornais são inundadas por notícias negativas sobre lares de idosos. Maus-tratos, negligência, más condições, ou alimentação deficiente são algumas das situações reportadas. Muitos dos lares referidos nas notícias são ilegais, mas existem outros que, apesar de ter licença, não garantem condições e serviços de qualidade aos idosos.

Fica assim patente que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma mudança no setor, de modo a que todos os residentes em lares de idosos tenham uma vida digna, confortável e em segurança. O consumidor está mais exigente e não se contenta apenas com o facto do lar ter licença. As famílias querem qualidade e querem garantir que fazem uma escolha segura.​


Apesar de ter licença e cumprirem genericamente os requisitos técnicos, alguns lares falham na qualidade necessária ao cuidado com dignidade.



A exigência da qualidade no tratamento aos idosos não deve apenas partir das famílias, o setor deve auto-regular-se e operar uma mudança para que a comunidade em geral e as famílias em particular se sintam cada vez mais seguras e confiem nos serviços e cuidados prestados aos idosos. Porque a licença já não basta para assegurar às famílias que o idoso tem qualidade de vida. Neste artigo, vamos desvendar o que o lar de idosos deve fazer para ser desejado pelas famílias.



A exigência legal é vaga nas falhas mais apontadas aos lares


Na Portaria 67/2012, que define as condições de organização, funcionamento e instalação dos lares, os pormenores que definem a qualidade dos lares não estão claros. A legislação para os lares terem licença é explícita quanto a normas técnicas, como os tamanhos dos quartos e a distância entre camas, mas cumprir com rigor a lei não é suficiente para satisfazer todas as necessidades das famílias. Poucas vezes há a referência a conforto, não existe referência à manutenção dos espaços e mesmo o conceito de higiene não é explicado. Para ter licença, é preciso cumprir os requisitos técnicos, mas para ser a escolha segura das famílias o responsável do lar terá de ter atenção a outros detalhes.




Onde investem os lares licenciados com mais qualidade

​No conforto, higiene e manutenção das suas instalações

Um lar de idosos deve ter uma imagem cuidada e de qualidade por dentro e por fora, que transmita segurança e cuidado. Quando os lares de idosos não fazem manutenções periódicas, ficam com uma imagem descuidada e de abandono. Paredes com sinais de humidade, mobiliário velho, madeiras descoloradas, ou paredes que precisam de uma pintura dão má impressão às famílias, e poderão desmotivar as admissões por considerarem que o lar não tem qualidade suficiente.  


Lares com espaços irrepreensivelmente limpos, bem decorados e com aspeto fresco e acolhedor serão sempre os preferidos pelas famílias.



O lar de idosos com licença deve promover um real conforto aos seus residentes, para manter um nível de qualidade compatível com as exigências do mercado. Para além da manutenção do edifício, o lar deve ser confortável e aprazível para ter a qualidade exigida pelas famílias. Almofadas, sofás confortáveis e seguros, plantas vivas, mobiliário suficiente e adequado aos espaços comuns e aos quartos e outros pormenores decorativos criam um ambiente prazeroso que famílias e idosos irão apreciar. 

Um lar também não pode descurar o cuidado minucioso com a limpeza. Detalhes, que podem passar despercebidos no dia-a-dia atarefado no lar, serão detetados pelo olhar atento e exigente das famílias. Apesar de a legislação ser vaga nesta matéria, é fundamental que o lar se apresente sempre limpo, até por questões de saúde e segurança dos próprios idosos.  Assegure a limpeza regular e atenta e, em caso de algum descuido ou acidente, que o espaço seja limpo de imediato.


 Conforto, higiene e manutenção das instalações



Na necessidade nutricional e no prazer alimentar dos seus residentes 


Segundo a legislação que o lar tem de cumprir para ter licença, a alimentação no lar de idosos deve ser «variada, bem confeccionada e adequada à idade e ao estado de saúde» dos idosos, e pode ser motivo para o lar de idosos perder a licença de funcionamento. Mas a variedade e a boa confecção são termos abstratos e relativos, e pouco diz sobre o que apresentar na ementa nos 365 dias do ano. A alimentação é uma das grandes preocupações que as famílias nos apresentam na hora de escolher um lar de idosos de qualidade. Alimentação de qualidade e ementas criativas são critérios essenciais na nova geração de lares para atrair as famílias.

O lar de idosos pode apostar na variedade, sem que para isso seja necessário um investimento financeiro pesado. Terá de fazer escolhas inteligentes e dedicar algum tempo na elaboração dos menus. A alimentação num lar de idosos não tem de ser aborrecida ou cinzenta, mesmo nas opções de dieta. Pode-se investir em pratos coloridos e divertidos, quer sejam regionais, contemporâneos ou de inspiração internacional. Vale tudo para agradar os residentes e as suas famílias, respeitando sempre as ordens do médico e as diferentes dietas ditadas pelo nutricionista.



 Necessidade nutricional e prazer alimentar dos residentes do lar



Na cultura, na formação e na motivação dos seus colaboradores

O atendimento e tratamento dado às famílias e residentes pode fazer toda a diferença na avaliação qualitativa de um lar de idosos. Apesar de a legislação apenas referir como um dos objetivos a prestação dos «apoios necessários às famílias dos idosos, no sentido de fortalecer a relação interfamiliar e preservar os laços familiares», a garantia de uma postura profissional que respeite as famílias e idosos é como um cartão de visita da instituição. O trabalhador do lar de idosos deve ter sempre uma postura de responsabilidade, respeito e empatia pelos residentes e as suas famílias.

Aqui, a direção técnica tem a responsabilidade de criar um modelo de postura e ser a primeira a dar o exemplo. A postura profissional transmite a qualidade dos serviços e deve ser definida e replicada por todos os colaboradores. Na legislação que se aplica aos lares, entre as funções do diretor técnico encontra-se a supervisão e coordenação de todo o pessoal, referindo mais adiante que deverá promover reuniões com o pessoal e sensibilizá-lo face à problemática da pessoa idosa. Mas o lar de idosos deve ir mais além para garantir a qualidade que as famílias exigem. Pela natureza delicada do trabalho, o lar de idosos deve encorajar os auxiliares, e transmitir os valores morais que quer ver refletidos no cuidado prestado pela instituição.


Cultura, formação e motivação dos colaboradores dos lares ​


Mesmo numa perspetiva empresarial, faz todo o sentido que se centre na motivação e envolvimento da equipa para garantir a qualidade dos serviços e se destacar da concorrência. O diretor técnico deve conhecer bem os seus colaboradores, ouvi-los e dar-lhes um ambiente de trabalho agradável. O reconhecimento do bom trabalho é também fundamental para que o colaborador se sinta valorizado. Não obstante estes cuidados, a supervisão adequada e meticulosa é imprescindível para garantir que as tarefas são cumpridas com esmero. Os serviços prestados mantêm os critérios de qualidade exigidos por um lar que quer oferecer mais do que a licença de funcionamento aos seus residentes.



O cerco aperta: famílias exigem licença e qualidade nos serviços prestados


Na sociedade moderna, que é bombardeada com notícias negativas sobre lares de idosos, é compreensível que as famílias estejam mais receosas. Pese embora os serviços de qualidade serem justificativos do preço, as famílias querem ter a certeza de que não estão a levar gato por lebre. Por essa razão, as atenções viram-se cada vez mais para a partilha das experiências e avaliações que outras pessoas fazem, seja em conversas pessoais ou através da Internet, para terem a certeza de que fazem uma escolha segura. 


Para um lar de idosos se manter relevante no mercado, deve operar uma mudança e modernizar-se por dentro e por fora. Equipamentos sem qualidade e formas de estar ultrapassados e antiquados estão condenados ao abandono e desprezo das famílias. Se um lar de idosos quiser manter-se atual, é fundamental ir respondendo às expectativas do mercado.  Para isso, poderá contar com o serviço de consultoria da Lares Online, que aconselha os lares de idosos, com base no conhecimento apurado do mercado e da utilização de tecnologia de ponta, que gera resultados exatos e confiáveis.



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