O negócio dos lares de idosos - maiores riscos e desafios

Por Susana Pedro , 04 de Novembro de 2019 Profissionais


​A população portuguesa está a envelhecer. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, prevê-se que até 2080 a população portuguesa irá diminuir para os 7,5 milhões de pessoas, descida que reflete a diminuição do número de jovens, mas que se contrapõe com o aumento da população idosa, dos 2,1 para os 2,8 milhões.

Esta realidade coloca as pessoas idosas na linha da frente como públicos-alvo de muitos negócios mas também cria alguns desafios para os lares de idosos já existentes, que começaram já um processo de reajuste do seu funcionamento às necessidades destas pessoas.



A modernização do setor

Para fazer face aos novos desafios do terceiro setor, torna-se necessário que os lares de idosos e as instituições públicas atualizem a sua forma de atuação junto das comunidades e de gestão dos próprios negócios. 
 
Existem já linhas de financiamento para a melhoria da eficiência do setor social, que se baseiam na inovação, sustentabilidade e melhoria das competências dos profissionais. Neste sentido, procura-se investir na saúde e nas infraestruturas sociais que contribuam para o desenvolvimento nacional, regional e local, de forma a promover a inclusão social das pessoas idosas, através de serviços mais cruzados com a própria comunidade.​


Os novos lares de idosos cada vez mais têm vindo a adotar medidas no sentido de capacitar, de promover o potencial humano e personalizar os cuidados, indo além das lógicas assistencialistas e melhorando a experiência de viver em lar. 



Os lares de idosos, que têm um papel preponderante como instituições que providenciam apoio psicológico e instrumental às pessoas idosas que acolhem, encontram agora a oportunidade e o desafio de diversificarem os seus serviços num sentido mais comunitário.

A velhice começa a ser vista como uma nova fase de evolução, com diferentes formas de viver, no campo social e pessoal, e os novos lares de idosos, cada vez mais, têm vindo a adotar medidas no sentido de capacitar, de promover o potencial humano e personalizar os cuidados, indo além das lógicas assistencialistas e melhorando a experiência de viver em lar. 



A falta de pessoal qualificado

A heterogeneidade do envelhecimento, a necessidade de melhorar a qualidade dos serviços dos lares de idosos e de apoiar as famílias, destaca outro desafio: ter uma equipa capaz de responder ao novo paradigma social.

Em Portugal, a baixa qualificação associada à prestação de serviços de cariz social não é novidade. A falta de recursos qualificados com que as instituições se deparam, levam à admissão de pessoas com menos formação e menores expectativas laborais, sendo este um fator que pode pôr em risco a qualidade dos serviços prestados e o próprio negócio.

A profissão de cuidador formal de idosos deve assentar num tratamento humanista, que respeite autonomia da pessoa e dignifique a sua individualidade e constituir um quadro de pessoas com a formação e o perfil adequado é um dos maiores desafios com que os lares de idosos se deparam.



O novo paradigma social destaca a necessidade de um maior investimento público no terceiro setor, que possibilite a contratação de pessoal mais qualificado, e que, cada vez mais, existam ações de formação dentro dos próprios lares para os novos colaboradores.



Além das auxiliares de ação direta, que são basilares na prestação de cuidados às pessoas idosas, importa ter uma equipa multidisciplinar de profissionais especializados - gerontólogo, enfermeiro, psicólogo, assistente social -, que tenha um olhar estratégico sobre a própria instituição e trabalhe em equipa pela promoção da melhoria contínua.

​Neste sentido, além de ser necessário um maior investimento público no terceiro setor que possibilite a contratação de pessoal mais qualificado, importa que, cada vez mais, existam ações de formação dentro dos próprios lares para os novos colaboradores.

O aumento da dependência

Um dos principais motivos de ingresso em lar de idosos está relacionado com, o idoso se encontrar numa situação de dependência, em que deixa de ser capaz de realizar as suas atividades da vida diária, e com a impossibilidade da família em garantir o apoio necessário nesse sentido. 

O declínio funcional associa-se ao envelhecimento, e numa sociedade cada vez mais envelhecida o número de pessoas em situação de dependência encontra-se também em crescimento.  As pessoas dependentes necessitam diariamente de apoio para se alimentarem, na higiene pessoal, na mobilidade, na toma da medicação, e muitas necessitam de vigilância diária constante


O declínio funcional associado ao envelhecimento da sociedade torna mais pesado o trabalho prestado em lar de idosos e faz com que exista muita rotatividade de pessoal, o que não é benéfico para a equipa, nem para os idosos institucionalizados.


Esta realidade dificulta a manutenção de uma equipa motivada e animada, e faz com que exista muita rotatividade de pessoal, o que não é benéfico nem para a equipa de pessoal nem para os idosos institucionalizados.

​Conseguir gerir eficazmente um negócio de pessoas para pessoas, com tantos desafios e nuances subjacentes, representa um enorme desafio para quem decide dedicar-se a esta área de intervenção.

O decréscimo dos lucros

Os lares de idosos em Portugal encontram-se numa situação ambivalente, em que, por um lado, o número de potenciais clientes está a aumentar, mas por outro, a necessidade de cuidados cada vez mais especializados e modernização do setor encarece o custo por pessoa institucionalizada. 
 
​Além disso, devido à falta de condições financeiras das famílias e às baixas reformas das pessoas idosas, estas recorrem aos lares de idosos em situação limite (quando já se encontram em estados de dependência muito acentuados). 


A necessidade de cuidados cada vez mais especializados e a modernização do setor encarecem o custo por pessoa institucionalizada,  particularmente nos lares de menores dimensões com mensalidades mais baixas.


Um maior apoio diário leva a um decréscimo dos lucros, pois não é possível aumentar proporcionalmente as mensalidades dos lares de idosos, o que dificulta a gestão financeira do próprio lar e o prestação diária de cuidados.

Esta situação é particularmente acentuada nos lares de menores dimensões com mensalidades mais baixas, sendo que acolhem habitualmente pessoas com menores condições económicas, que ao longo da vida investiram menos na sua saúde e apresentam, por isso, multimorbilidades, deste modo, com custos mais elevados por pessoa, vendo a sua sustentabilidade em risco.

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