Nova abordagem de vida no capítulo institucional em lares de idosos

Por Daniel Carvalho , 21 de Outubro de 2019 Lares e Residências


​Nas últimas décadas têm-se verificado alterações demográficas. Essas alterações traduzem-se no crescente envelhecimento da população, as quais colocam às famílias e, em particular, aos lares de idosos uma responsabilidade acrescida.


A necessidade de enfrentar esses desafios, exige a criação de respostas sociais adaptadas às características dos ‘novos’ idosos. As respostas devem contribuir para um aumento da qualidade de vida dos idosos e para um envelhecimento ativo e saudável. Enquanto responsáveis por esta mudança social, estes devem ser os objetivos principais.

Assim sendo, o princípio fundamental da intervenção diária dos lares de idosos deve ter em conta o envelhecimento com qualidade. Para tal, a integração dos idosos nas atividades diárias do lar deve ser o princípio base de uma nova abordagem.



Incluir a opinião dos idosos no planeamento das atividades 


Seja semestral ou anualmente, toda a atividade do lar está planeada. Dentro do planeamento estão incluídas as atividades a ser desenvolvidas com os idosos nesse tempo.

Tendo em mente esta nova abordagem de vida em lar, é essencial incluir a opinião dos idosos no desenho de algumas atividades a serem realizadas por cada um. Mais do que uma melhoria prática naquilo que é a performance do lar, estamos a falar de ...

Uma atitude simbólica que entregará ao idoso um sentido de responsabilidade e de pertença enorme

Para esta iniciativa é necessária alguma sensibilidade e capacidade de agir estrategicamente. O planeamento das atividades é de grande responsabilidade e influencia diretamente a gestão do lar. Esta inclusão deve ser feita em atividades em que a opinião dos idosos não coloque em risco a sustentabilidade da instituição.


A par da inclusão, a exposição dessas atividades no espaço do lar torna-se fundamental, de forma a demonstrar que as decisões tomadas pelos idosos irão ser realmente colocadas em prática. Em suma, é necessário tomar a iniciativa de incluir os idosos nestas tomadas de decisão (sempre nos moldes referidos) e, numa segunda fase, demonstrar, de forma clara, que a sua opinião será verdadeiramente transformada em atividades. Pode ser, por exemplo, criado um espaço na sala comum onde esteja exposto um quadro das responsabilidades atribuídas a cada idoso.



Interagir com os idosos para a concepção das ementas


A alimentação é uma das vertentes mais exigentes da logística dos lares. Adaptar o tipo de alimento às caraterísticas do idoso, fornecer o valor necessário de nutrientes e balançar semanalmente os ingredientes que compõem a refeição são algumas das nuances necessárias para manter a qualidade alimentar da instituição.


Esta iniciativa destina-se a idosos autónomos, semi autónomos e dependentes, mas com alguma capacidade cognitiva. Assim sendo, sugerimos a inclusão destes idosos no planeamento das refeições. Esta medida deve ser gerida conforme as características de cada residência e adaptada à rotina já existente. Não se assuste! Estamos a falar de uma inclusão pontual e de escolha alternativa.



Um plano alimentar cuidado, com variedade e surpresas pontuais

Reúna os idosos e dê-lhes a opção de escolher entre uma ou outra sopa, por exemplo. Crie uma pequena votação para selecionar, em conjunto, qual a sobremesa de final da semana. Agrupe as frutas por categorias e dê-lhes a opção de escolher entre uma outra fruta dentro da mesma categoria. Hora do lanche? Perceba qual o bolo preferido dos idosos e dê-lhes esse mimo, uma vez por semana.

Os idosos são a parte mais importante da vida em lar

Com mais ou menos autonomia para colocar os idosos em tomadas de decisão, o importante é percebermos que são eles a parte mais importante da vida de um lar. E, assim sendo, a sua opinião também deve ser tida em conta, até no campo das refeições. Aja em conformidade com a sua realidade, a criatividade não tem limites e é fundamental para que esta iniciativa seja concretizável.

O objetivo principal é atribuir alguma responsabilidade para o lado dos idosos, por mínima que seja. A responsabilidade irá alimentar o sentimento de pertença a um grupo e sem se aperceber estará a maximizar a harmonia do espaço.


Envolver os idosos na celebração das efemérides


As efemérides são uma ótima oportunidade de estar junto dos idosos e, mais do que isso, de promover a interação entre eles. No início de cada ano, planeie quais as efemérides a celebrar e introduza no plano de atividades.

Esta é uma ação de ligação entre a cultura e o convívio. Tente perceber quais as efemérides que fazem mais sentido assinalar dentro da sua instituição e planeie uma atividade para cada uma delas. Tendo um mapa de todas as efemérides selecionadas, torna-se possível planear a criação da atividade de forma responsável, isto é, não colocando em causa o bom funcionamento do lar.

Bloqueie uma hora por dia para reunir com os idosos, definir o que fazer e, por fim, distribuir tarefas. Durante um período de tempo, terá os idosos do seu lar a trabalhar em conjunto para uma causa e, no fim, será uma satisfação enorme ver o resultado final.



Atribuir responsabilidade e pequenas tarefas aos residentes


Um idoso com conhecimento especializado sobre uma determinada área poderá ser o seu maior conselheiro.

Faça um levantamento de todas as competências dos idosos do seu lar e, de seguida, faça a correspondência com os espaços necessitados de algum tipo de supervisão ou manutenção.
Imagine uma situação onde um idoso foi jardineiro ou agricultor durante toda a sua vida. Faça desse idoso o responsável pelo jardim ou horta do lar. Logicamente, não estamos a falar de uma responsabilidade exigente, física e de cariz ‘profissional’. Estamos apenas a colocar o idoso num local onde se sente bem e com uma atividade que conhece de olhos fechados.

Planeie um dia por semana para estar com o idoso e colocar-lhe algumas perguntas relativamente à secção. O objetivo é que o idoso se torne responsável pela denominação do espaço e, de uma forma lúdica, seja um verdadeiro exemplo de vida no lar.

O lar de idosos do SMAS, em Azeitão, tem na sua casa um belo exemplo desta prática. Um idoso, bibliotecário de profissão, requalificou toda a biblioteca do lar, tornando-a útil e organizada. Os livros passaram a estar ordenados por categorias e a requisição dos livros passou a estar sob alçada deste idoso.



Seja o precursor da mudança!


Se dirige ou colabora com um lar, aproveite esta oportunidade para iniciar uma novo rumo. Apesar de termos lançado este desafio para uma nova abordagem naquilo que é o capítulo institucional dos lares, não se agarre exclusivamente a estas iniciativas. Aproveite o mote lançado para replicar ou criar as suas próprias ideias, adaptadas ao seu contexto.

Se não dirige nem colabora com um lar, também pode ser um precursor de mudança! Agora que sabe algumas dicas de como melhorar a estadia dos idosos em lar, não se conforme. Informe-se sobre o tema e torne-se uma voz ativa. 

O objetivo é simples: criar uma nova forma de viver em lar. Para isso, é necessário promover o envelhecimento ativo, proporcionar novas experiências que permitam uma valorização pessoal e social e, ainda, incrementar novas formas de entretenimento e lazer.



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