"Mãe, vai ter que ir para um Lar de Idosos..." Como falar sobre isso?

Por Marina Lopes , 08 de Março de 2018 Lares e Residências

"Mãe, vai ter que ir para um lar de idosos…". Como falar sobre isso?














Por vezes, surgem sinais que nos indicam que algo pode não estar bem com aqueles que amamos. Apesar de ainda assistirmos à realização de um discurso coerente por parte dos nossos familiares mais velhos, podemos começar a presencear repetições de pequenos acidentes, confusões com a medicação, quedas constantes, cenários de isolamento e de depressão, ou, mesmo um emagrecimento acentuado, e, começam a preocupar-nos com a segurança e o bem-estar dos nossos familiares idosos.

Nesta altura, damos por nós a ponderar se, eventualmente, a "nossa própria mãe" não deveria viver acompanhada. E, em Portugal, é muito comum adiarmos este tipo de decisão, por entendermos como precoce colocar os nossos familiares idosos num lar enquanto têm discernimento.

Mas, esta avaliação não é linear. E, comunicar à "nossa própria mãe" que pode ter que sair de sua casa, que já não pode estar sozinha, que não podemos cuidar dela, que não temos espaço ou recursos na nossa casa para a cuidar, e, que por isso, ela poderá ter que ir para um lar de idosos, é muito difícil …​


Não é uma decisão muito bem vista pela sociedade

Temos tendência a partir do princípio de que tudo na vida passa por "dar e receber". Antigamente os filhos levavam este princípio “à letra” e tentavam retribuir nesta fase da vida aos seus pais já idosos o amor e os cuidados que receberam em pequenos. Como esta era uma prática recorrente, apesar das mudanças sociais, alguns filhos ainda sentem um certo pudor em colocar os seus pais num Lar de Idosos, com medo do julgamento moral dos familiares e amigos próximos. Pelo que, se sentem logo à partida constrangidos por falar nessa possibilidade.

Muitos idosos não aceitam a sua degradação física

A maior dificuldade, surge quando os idosos dependentes de ajuda, se julgam ainda autónomos e capazes de cuidar de si, não aceitando as suas limitações físicas, por ainda manterem relativas faculdades mentais… Nesses casos, frequentemente, os idosos recusam-se a ir para um Lar, mas, acabam por ficar expostos ao risco que representa estarem sem ninguém por perto que os socorra, em caso de necessidade de assistência, por determinados períodos do dia ou da noite .​​


Ainda existe uma enorme relutância em relação aos Lares de Idosos

Uma dificuldade frequente, prende-se com a objeção consciente à solução apresentada. Alguns idosos ainda sentem muito receio ao pensar em viver num Lar, devido à imagem asilar dos Lares de outrora, onde as pessoas mais vulneráveis e carenciadas eram deixadas a passar os últimos dias das suas vidas, com parcos cuidados. Outros idosos julgam que os Lares acolhem essencialmente dementes, e, que servem apenas para quem não tem família ou para quem é abandonado pela mesma.


A inversão da autoridade também pode não ser bem aceite

A maioria dos filhos sente dificuldade em conduzir o destino dos pais e em lutar contra a resistência feita pelos mesmos quando chega a altura de aceitar ir para um Lar. Mesmo enfraquecidos, os idosos impõem a sua autoridade, levando a que os filhos cedam por cansaço e a que desistam de procurar uma solução segura. Quando tal acontece os filhos acabam por negligenciar os cuidados permanentes de que os idosos necessitam, chegando mesmo, por vezes, de forma inconsciente, a colocar a vida dos idosos em risco.

Alguns idosos fazem os filhos sentir-se culpados pela decisão

Antevendo a degradação do seu estado de saúde são poucos idosos que pedem generosamente aos filhos para ir para um Lar, encarando a fase da vida por que passam de forma natural e deixando os filhos à vontade para tomar essa decisão por si, caso seja necessário. A maioria dos idosos não poupa os filhos de um sentimento de culpa por esta tomada de decisão…. Pelo contrário, muitos idosos proferem desde cedo frases como: “Tens coragem de me colocar num lar?”, “ Quando for idoso e não servir para nada despejas-me num lar…” e “Eu que sempre tratei de ti…” que são elucidativas da sua falta de compreensão pela situação e do seu sentimento de contrariedade face à entrada num Lar.



​Não há fórmulas mágicas, mas podemos dar-lhe 3 sugestões:

1. Comece por desmistificar a imagem negativa dos lares

Claro que, a escolha do Lar também é uma questão de sorte. Mas isso é como em tudo! Hoje, existem Lares bonitos e plenos de conforto, muito bem equipados, onde os idosos podem estar melhor do que em suas próprias casas. A entrada num Lar representa uma oportunidade para os idosos fazerem novos amigos, se libertarem de responsabilidades e desfrutarem de uma vida ainda ativa, num ambiente seguro e assistido. Enfim, representa um sem número de coisas capazes não só de retardar o processo de envelhecimento, mas também, de trazer felicidade à vida do seu familiar idoso.

2. Ajude o idoso a tomar consciência dos riscos que corre

Pensamos que o melhor será, primeiro, refletir calmamente e em conjunto com o próprio idoso sobre a sua real situação. A manutenção do idoso em sua casa sem o devido acompanhamento promove a sua insegurança em caso de acidente ou de mal-estar de saúde, podendo precipitá-lo para um estado de maior sofrimentode ou mesmo de maior dependência. A entrada num Lar num momento de crise não permite uma escolha ponderada e dificulta a integração do idoso no mesmo.


3. Proponha uma transição progressiva e um período experimental

Um pouco à semelhança das crianças quando vão para um infantário, os idosos precisam de tempo para se adaptarem. Se a situação do idoso não for muito crítica e permitir uma transição progressiva, durante a primeira semana o idoso pode frequentar o Lar como se fosse um utente externo, passando nele apenas o dia para estabelecer as primeiras conexões sociais. Quando começar a pernoitar no Lar, o regresso do idoso a casa durante o fim-de-semana pode suavizar o seu apego emocional a sua casa. Até que se sinta melhor no Lar do que em sua própria casa! Se o idoso estiver lúcido, esta jornada pode ser proposta numa perspetiva experimental, envolvendo-o na decisão e na avaliação do Lar escolhido.


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