[Lares] Como levar um plano de atividades ao próximo nível?
Por Mariana Camargo , 21 de Outubro de 2021 Profissionais
As atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais estão previstas na legislação como um serviço básico, que deve ser oferecido pelos lares aos idosos residentes.
Com o intuito de contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os residentes e para a estimulação e manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas, é responsabilidade, em geral, do diretor técnico planificar e coordenar as atividades sociais, culturais e ocupacionais dos idosos.
Neste âmbito, a lei também obriga a que exista de facto «um(a) animador(a) sociocultural ou educador(a) social ou técnico de geriatria, a tempo parcial por cada 40 residentes» que está presente para guiar os idosos, a explicar o que deve ser feito na atividade e a tirar dúvidas que possam surgir.
A realização de atividades físicas e mentais é altamente recomendável a idosos, pois estimula capacidades que vão ficando mais limitadas com a idade.
Da motricidade ao raciocínio lógico, passando pela memória, criatividade e autoestima, são inúmeros os domínios que podem beneficiar das atividades promovidas em espaços como lares ou centros de dia. A planificação de atividades visa não só ocupar os tempos livres do idoso, mas também promover o envolvimento nas atividades, desmistificando a ideia de que o idoso não tem utilidade nem atividade.
As atividades e os projetos de animação têm como objetivo proporcionar uma vida mais ativa, promovendo o desenvolvimento pessoal e social do idoso, já as atividades em grupo estimulam competências sociais dos utentes e permitem a partilha de experiências que de outra forma dificilmente aconteceriam.
Como é o plano de atividades perfeito?
Quando pensamos na elaboração de um plano de atividades, é imprescindível o conhecimento detalhado de cada idoso residente, o diretor técnico deve sempre ter em atenção a audiência e os seus gostos. É preciso saber sobre quais são suas preferências, limitações e histórico de saúde, sim, mesmo a saúde é um fator fundamental para o sucesso e adaptação das atividades.
Um plano de atividades tem de ser flexível, pois os idosos são todos diferentes e vão aderir mais se houver atividades diferenciadas.
No entanto, é necessário ter outras questões em consideração para a preparação de atividades em grupo. A inclusão dos participantes na seleção das atividades é uma das principais recomendações de profissionais experientes na conceção e execução de atividades para os idosos.
Além de adaptável, um plano de atividades bem pensado e equilibrado contribui com diversos fatores socioculturais, mentais e físicos dos seus residentes, como:
- Aumentar a autoestima dos idosos e difundir uma auto-imagem positiva;
- Estimular o intercâmbio e a troca de experiências;
- Desenvolver a destreza física e mental do idoso;
- Incentivar a participação e potenciar a inclusão social;
- Incentivar o idoso a desenvolver trabalhos e passatempos de lazer;
- Fomentar as relações sociais interpessoais e intergeracionais;
- Promover o envelhecimento ativo.
Atividades que tem de incluir no plano
No nosso artigo sobre envolver residentes idosos em atividades no lar apresentamos algumas ideias de atividades que podem fazer parte do plano de atividades. A começar no diretor técnico e a continuar no animador ou terapeuta ocupacional, quando exista, é importante fomentar o envolvimento de todos os residentes idosos nas atividades do plano. Nem todos têm de participar em todas as atividades, mas deve haver atividades para todos.
Com materiais fáceis de encontrar, como papel, caneta, bolas ou tecidos, podem ser pensadas diversas atividades.
Nos próximos parágrafos apresentamos os diferentes tipos de práticas, explicamos os benefícios que têm no bem-estar dos idosos, e damos alguns exemplos do que pode ser feito.
Atividades Físicas ou Motoras
Têm o objetivo de assegurar as condições de bem-estar dos residentes idosos, promovendo a sua saúde, tentando combater o sedentarismo e desenvolvendo as suas capacidades físicas e intelectuais através de tarefas simples de movimentação articular e muscular.
Exemplos: Exercícios de aquecimentos, jogos tradicionais e desportivos, ida à praia e caminhadas.
Atividades Cognitivas ou Mentais
Num lar, é necessário aumentar a atividade cerebral, retardar os efeitos da perda de memória e prevenir o surgimento de doenças degenerativas.
Exemplos: Escrita Criativa e Jogos de Estimulação Cognitiva (Jogo de Memória, Sudoku, Sopa de Letras, e Adivinhas).
Atividades Artísticas
Destinam-se a permitir ao idoso exprimir-se, desenvolver e estimular a imaginação e a criatividade através das várias formas de expressão, além de desenvolver a motricidade fina, a precisão manual e a coordenação psico-motora. Ao realizarem estas atividades, os residentes no seu lar evitam o isolamento e o ócio, desenvolvem o sentido crítico, exprimindo as suas preferências e razões das ações.
Exemplos: Modelagem, pintura, colagens e outros trabalhos manuais.
Atividades Culinárias
A culinária fomenta a partilha de saberes e experiências, desenvolver o espírito crítico, reflexivo e participativo. Estas atividades promovem um momento de bem-estar, partilha de opiniões e sentimentos, fazem os idosos relembrar hábitos, costumes e vivências oriundos do espaço em que estão ou estiveram inseridos.
Exemplos: Culinária de festas típicas, divisão de sessões por tópicos (doces, salgados, carnes) e vale a pena também ouvir o que os idosos gostariam de ensinar aos outros residentes.
Atividades de Música
A música alegra a vida de qualquer pessoa, e com os idosos é especialmente significativa. Incentiva-os a interagir em grupo e conviver melhor, ao mesmo tempo que enriquecem a cultura de cada um.
Exemplos: Festas com músicas escolhidas pelos idosos, atividade no estilo karaoke, e apresentações musicais com família.
Atividades de Dança
Têm a intenção de animar os residentes do seu lar. Estas atividades podem e devem ser desenvolvidas com os idosos, uma vez que para estes a dança está associada a memórias e experiências importantes na sua vida.
Um plano relevante exige avaliação
Para finalizar, uma vez que o plano é instaurado, é interessante avaliar as atividades que foram propostas, para saber se a periodicidade e número de idosos por sessão fazem sentido. O que se pretende é um envelhecimento ativo da maioria dos idosos residentes no lar. A melhoria do plano deve ser contínua, para que o envolvimento dos residentes idosos individualmente e em grupo seja maior.
Os residentes vão envelhecendo, e mesmo mudando, portanto é imprescindível ir avaliando as diferentes atividades e mudá-las sempre que necessário.
Estes são alguns dos tipos de atividades que podem ser apresentadas por um lar de idosos aos seus utentes, mas é sempre importante ter em mente que há geralmente a necessidade de flexibilidade. Tanto para que os idosos deem as suas opiniões, quanto de acordo com o estado de saúde dos idosos e as suas capacidades e dependências.
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