Lar ou apoio domiciliário: qual a opção mais consistente?
Por Mariana Camargo , 22 de Novembro de 2021 Lares e Residências
Quando nos damos conta de que um familiar idoso está a precisar de apoio profissional nas suas atividades quotidianas, a dúvida entre um apoio domiciliário e um lar de idosos sempre faz parte do processo de escolha. Para que a melhor alternativa seja a escolhida, deve-se ter em mente diversos tópicos e características tanto do idoso, quanto dos métodos de apoio de que falamos neste texto.
Não é apenas a questão financeira que tem influência na escolha, embora seja importante. Por isso, neste artigo apresentamos algumas das diferenças a nível da consistência no cuidado, entre lar e apoio domiciliário. O papel da família é muito importante tanto na escolha como depois na manutenção da vida do idoso.
Na escolha entre lar ou apoio domiciliário, é importante ter em conta vários fatores, nomeadamente se o cuidado que cada solução oferece ao idoso e à sua família é consistente.
Falamos da logística, da segurança emocional e da consistência do cuidado, presentes em cada uma das soluções possíveis para o idoso, que será importante ter em conta durante o processo de escolha e, depois, no dia-a-dia do idoso. Atenção que ambas as soluções exigem supervisão atenta da família.
A logística recai sobre quem?
No lar de idosos toda a logística do dia-a-dia é responsabilidade do diretor técnico do lar. A rotina é efetivada pelos diferentes funcionários da instituição, desde a ementa com alimentação saudável (responsabilidade de nutricionista e cozinheiros), passando pelo agendamento de consultas com médicos e acompanhamento da enfermagem, até às atividades de apoio sociocultural (responsabilidade do animador ou terapeuta) para manter a atividade cognitiva e qualidade de vida dos idosos residentes.
Já no apoio domiciliário, a família do idoso terá que trabalhar de forma próxima com o profissional contratado, para que a logística em torno da qualidade de vida do idoso seja feita da melhor maneira. O acompanhamento ao exterior, entretanto, pode ser uma qualidade dos apoios domiciliários. Então, se o idoso ainda consegue realizar algumas das suas atividades da vida quotidiana, como por exemplo ir ao supermercado, o profissional de apoio pode ajudá-lo a seguir essas atividades.
A substituição e troca de profissionais, formação contínua de auxiliares e acompanhamento do trabalho desenvolvido com os idosos, no caso do lar, não recai sobre a família.
Sobre a substituição e troca de profissionais, no lar de idosos a família não precisa de se preocupar com isso, pois é responsabilidade do responsável do lar. Já no apoio domiciliário, se for necessária a troca do profissional, normalmente é a família quem deve encontrar outra pessoa qualificada para fazer o trabalho.
Em lares de idosos de qualidade, a formação dos profissionais é contínua e oferecida, sem que o funcionário tenha que pesquisar por atualizações dos seus diplomas. Já os profissionais de apoio domiciliário devem preocupar-se eles mesmos em manter-se atualizados a nível de formação, para que possam oferecer os melhores cuidados ao idoso que apoiam.
Em qualquer das soluções, é importante verificar continuamente se o profissional consegue identificar as necessidades do idoso, e tem compromisso com a qualidade de vida do mesmo. Seja qual for a escolha, é importante que se certifique que qualquer uma delas são certificadas e que dispõem de recursos humanos especializados e com formação.
Na segurança emocional, existem diferenças?
Inicialmente, em qualquer das opções vai haver alguma incerteza. É a adaptação a uma nova realidade, com apoio de pessoas que o idoso tipicamente não conhece. No caso do apoio domiciliário, acresce ainda a presença de um desconhecido na própria casa do idoso, o que pode levra a muita insegurança inicial. No apoio domiciliário, a companhia individualizada faz com que a segurança emocional do idoso e os laços com o seu cuidador possam ser mais fortes a longo prazo do que no lar de idosos, onde cada profissional tem que cuidar de diversos idosos.
No apoio domiciliário, o idosos continua no conforto do seu lar, e é uma boa saída para aqueles idosos que se recusam a abandonar suas casas, como podemos ver neste texto sobre a escolha entre lar de idosos e apoio domiciliário. Porém, mesmo que complicada, essa escolha deve levar em conta a qualidade de vida do idoso, e qual será o melhor tipo de apoio para as suas necessidades. Muitas vezes as habitações não têm estruturas pensadas para o apoio a uma pessoa mais dependente.
Qualquer mudança leva a alguma insegurança emocional do idoso, mas no caso do apoio domiciliário pode haver mais empatia entre o cuidador e o idoso.
Entretanto, no lar de idosos, todas as estruturas estão pensadas no bem-estar físico e psicológico dos seus residentes. Por haver mais profissionais, pode inicialmente ser mais assustador para o idoso que se muda para um lar. Pode parecer que há muita gente desconhecida e pouco cuidado personalizado. Por outro lado, os idosos têm a possibilidade de socialização com os outros residentes que habitam no lar. Isto faz com que eles também possam não se sentir tão sozinhos, e não percam as habilidades de socialização. Um grande impasse na escolha de um lar é que este significa uma mudança mais permanente do que temporária, já que o idoso faz uma mudança da sua casa para a instituição. Assim, em diversos casos, o idoso tem o seu lado emocional um pouco abalado por ter que se mudar.
O lar ou a própria casa, qual é o espaço mais adaptado?
Nos lares a consistência pode ser maior já que, com a adaptação do espaço às necessidades físicas dos idosos (barras de apoio, rampas, cadeiras de rodas, entre outras) e mais profissionais a atender os idosos, mais e melhores cuidados podem ser prestados. O espaço físico tanto pode potenciar como dificultar o cuidado, sem contar que é importante para que o idoso se sinta seguro e confortável no seu dia-a-dia.
O espaço físico é essencial para um cuidado consistente ao idoso, e no caso do lar está completamente assegurado.
Nos lares, o espaço físico está assegurado, sendo preparado para idosos com mais ou menos mobilidade. Para quem escolhe o apoio domiciliário, vale a pena ter em mente que o local deve ser adaptado da melhor maneira possível para a segurança do idoso e o melhor desempenho do profissional que o vai auxilar. Uma casa com poucas condições vai sempre dificultar o cuidado do idoso, pelo que pode ser necessário fazer alterações ao espaço.
Qual é, afinal, a opção de cuidados mais consistente?
Dependendo do tipo de apoio domiciliário que a família escolhe, os cuidados prestados ao idoso poderão ter mais ou menos consistência. Em geral, os serviços domiciliários não são contratados para prestar apoio contínuo e permanente, como o que é dado por um lar de idosos, onde dia e noite há profissionais de serviço e atentos.
Em apoio domiciliário, o profissional desempenha mais tarefas e não é tão especializado como os profissionais em lar, que têm funções específicas e maior formação.
A maior disponibilidade de funcionários nos lares de idosos, que têm funções menos gerais, faz com que seja nos lares que a consistência no cuidado seja maior. No apoio domiciliário muitas vezes existe apenas um profissional, que faz tudo desde higiene a alimentação e outras pequenas tarefas, dependendo sempre da mobilidade do idoso. Isto significa que o profissional do apoio domiciliário não é especializado em nenhuma das tarefas, e que existe inconsistência na sua formação e trabalho com o idoso.
É importante salientar que a consistência dos cuidados será maior em lar do que no apoio domiciliário, a não ser que este seja assegurado 24 horas por dia. A maioria dos apoios em casa, no entanto, acabam por ser de apenas algumas horas por dia, devido aos custos que ter um cuidador sempre disponível acarreta.
Como podemos ver, o apoio não é igual nas duas respostas sociais, e por isso a escolha entre um lar de idosos e o apoio domiciliário tem vantagens e desvantagens dos dois lados. Porém, nos lares, os idosos oferecem uma resposta integrada e, nestes, as famílias podem contar com acompanhamento médico, se ocorrer qualquer intercorrência de saúde.
Diante disto, a escolha, entre o apoio domiciliário e um lar de idosos, depende muito do grau de necessidade do idoso. Porém, podemos afirmar que, como têm cuidados multidisciplinares, os lares acabam por ser a opção de cuidados mais consistente, na maioria dos casos.