Entrar no mundo do idoso com Alzheimer
Por Mariana Camargo , 08 de Novembro de 2021 Demência
Com o envelhecimento e a maior expectativa de vida da população mundial, doenças como o Alzheimer têm-se tornado mais comuns na população. A Organização Mundial de Saúde estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de Pessoas com Demência, número que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase triplicar em 2050 para os 135.5 milhões.
A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, como memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras.
Esta demência tem como consequências alterações no comportamento, personalidade e capacidade funcional, dificultando a realização das atividades de vida diária.
Conforme a Doença de Alzheimer afeta as várias áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades, que raramente conseguem ser recuperadas ou reaprendidas.
Com o aumento do número de pessoas com a Doença de Alzheimer, é importante que saibamos quais são os cuidados que temos que ter com esses idosos, para que possamos proporcionar-lhes a maior qualidade de vida possível. Por isso, este artigo apresenta os principais erros no cuidado dessas pessoas e apresenta melhores práticas a serem seguidas por familiares, cuidadores, funcionários de lares e qualquer pessoa que esteja em contato com idosos.
Como é feito o diagnóstico?
Normalmente, familiares e pessoas que convivem com o idoso frequentemente são as primeiras a perceberem as mudanças na memória e no processo cognitivo da pessoa, e isso deve ser levado ao médico do idoso. Para saber mais sobre os primeiros sinais de Azheimer, leia este artigo Lares Online.
Os cuidadores e familiares devem manter-se atentos a alguns sinais de alarme, levando o idoso ao médico em caso de suspeita.
Há alguns testes que são feitos pelos profissionais de saúde para diagnosticar a doença. Analisam as funções cognitivas, ou do pensamento, tais como concentração, memória, orientação visuo-espacial, resolução de problemas, capacidade de contagem e linguística. Esses testes diferenciam vários tipos de demência, para que o tratamento certo seja realizado.
Erros mais comuns no cuidado a idosos com Alzheimer
O primeiro erro comum nos cuidados de idosos com Alzheimer vem de algo que é dito popularmente, sobre tratar um idoso com demência é semelhante a tratar uma criança, mas não é bem assim.
É necessário ter atenção especial nos cuidados a um idoso com Alzheimer, não se deve:
- contrariar abertamente a pessoa com Alzheimer;
- ignorar o idoso, falando dele como se não estivesse presente;
- dar muitos estímulos ao mesmo tempo (sons, imagens e movimentos bruscos);
- isolar o idoso com Alzheimer «pela sua segurança»;
- dar ordens bruscas ao idoso;
- dizer à pessoa o que não pode fazer (ao invés disso, diga o aquilo que ela pode fazer);
- utilizar modos intransigentes, um tom de voz arrogante pode ser compreendido, mesmo que a pessoa não compreenda as palavras, o que a poderá deixar mais perturbada;
- não deve ser testada a memória do idoso.
Estes são alguns dos erros mais comuns de cuidado e comunicação para com os idosos com Alzheimer, muitos familiares sentem-se perdidos em cuidar da melhor maneira dos entes queridos que vivem com a doença, e seguir estas dicas pode ajudar neste processo.
Como entrar no mundo do idoso com Alzheimer
Já vimos o que não se deve fazer, mas quais são as formas de comunicação mais indicadas? Vamos agora então focar o que deve ser feito quando tem o intuito de comunicar com um idoso com Alzheimer.
Como já afirmámos previamente, os idosos não podem ser infantilizados, e a demência não é um «regresso à infância». Alzheimer é uma doença que tem modos de tratamento mais adequados que isso, e mesmo modos de comunicar específicos.
As pessoas com Alzheimer, mesmo quando não conseguem compreender o que está a ser dito, conservam os seus sentimentos e emoções.
Para uma comunicação efetiva, seja afetuoso, flexível e dê tempo ao idoso para responder. Sempre que for apropriado, utilize o toque para manter a atenção da pessoa e para comunicar sentimentos de ternura e afeição.
As formas de falar com o idoso também são importantes, por isso, permaneça calmo e fale de maneira clara e gentil, utilize frases curtas e simples, focando uma ideia de cada vez, dê tempo à pessoa para compreender o que lhe transmitiu e sempre que possível, utilize nomes orientadores, como por exemplo: «O seu filho José».
A linguagem corporal também é parte da comunicação, então poderá necessitar de utilizar gestos e expressões faciais para se fazer entender.
Apontar ou demonstrar pode ser uma ajuda, ou também tocar e segurar a mão do idoso pode ajudar a manter a sua atenção e mostrar que se preocupa com ele. Um sorriso caloroso e uma gargalhada partilhada podem, frequentemente, comunicar mais do que as palavras.
Avalie se o ambiente é propício para uma boa comunicação, tente evitar vários ruídos ao mesmo tempo, tais como TV ou rádio, o idoso terá maior facilidade em acompanhá-lo, sobretudo se estiver fora do alcance visual, se o ambiente estiver silencioso a sua volta.
Dê tempo para o idoso falar, espere que ele consiga encontrar a palavra que quer utilizar, e não tente terminar as frases. Oiça e não os deixe sentir embaraçado se perder o fio da conversa.
Coerência e rotina: é importante que todos os familiares, cuidadores e pessoas que convivem com o idoso repitam a mensagem de forma exatamente igual.
Também é indispensável que sejam mantidas rotinas, para ajudar a minimizar a confusão e facilitar a comunicação. Se todas as pessoas utilizarem a mesma abordagem será muito menos confuso para o idoso.
Com esta atenção nos cuidados de idosos com Alzheimer, podemos oferecer uma maior qualidade de vida, e incentivá-los a participar do máximo de conversas e interações possível, sem que eles se sintam por fora do dia-a-dia da família.