[Covid-19] Tipo de lares que correm menos riscos

Por Catarina Sousa , 16 de Setembro de 2021 Notícias


Todos experienciámos a grande mudança que a recente pandemia mundial provocou nas nossas vidas, e conhecemos os efeitos que teve na população mais idosa. 

Em Portugal foram muitos os lares de idosos que sofreram com a falta de preparação para combater a Covid-19. No entanto, houve casos bem-sucedidos, e exemplos a registar, para um futuro mais tranquilo. Houve um tipo de lares que registou menos casos de Covid-19 e até menos mortes.



O que falhou na maioria dos lares tradicionais?

No início o vírus era novo e desconhecido, grande parte destas instituições não tinha qualquer plano de contingência. Os recursos humanos não tinham a devida formação, nem experiência em contexto pandémico. A falta de material de proteção, e a tardia comunicação de medidas de restrição às visitas, contribuiu para a maior disseminação da Covid-19 nos lares tradicionais.


Os lares não estavam prontos para responder a uma crise, seja a nível de profissionais, material de proteção ou menos planos de contingência.




Um dos problemas dos lares de idosos, no nosso país, foi a diferença que existiu no modo de atuação de cada um. A própria rapidez de resposta foi o maior fator. Algumas instituições tiveram a capacidade de logo desde o início testarem todos os idosos e de os afastarem ou retirarem, perante a existência de casos positivos próximos. Outras, não tiveram meios para fazer o isolamento devido dos idosos infetados em tempo útil.



Quais as medidas de sucesso nos lares?


Lares de idosos onde os profissionais permaneceram alojados, durante a primeira vaga, impediram que os colaboradores, ao saírem e terem contacto com o exterior, aumentassem os riscos de infeção nas instituições. Foi um sacrifício para muitos profissionais e respetivas famílias, mas resultou em casos de sucesso no combate à Covid19.

Houve um repensar das estratégias de trabalho, da rotatividade de horários, da organização dos espaços, e um claro reforço na higienização. Os idosos deixaram de se juntar tanto na hora das refeições ou atividades. 


Quanto mais depressa se adaptaram os lares à nova realidade, menos riscos correram durante a pandemia de Covid-19.



Noutros lares, os espaços para refeição foram readaptados, com o devido distanciamento entre mesas e cadeiras, para impedir contactos, e excluíram-se objetos de uso partilhado. 

Lares com vários andares colocaram equipas fixas em cada um, para evitar contacto com os dos outros pisos e uma possível contaminação cruzada. O governo português desempenhou um papel importante no apoio a estas instituições, abrindo vagas para a colaboração de cuidadores voluntários.



Houve um tipo de lares com menos risco de Covid-19


Estudos desenvolvidos realizados e divulgados nos EUA indicaram uma maior eficácia no combate ao vírus em lares de menores dimensões e considerados menos tradicionais. Estas são as designadas Green Houses, mas tambémse verificou a tendência em lares de idosos mais familiares, ou seja, com menos de 50 camas.


A incidência de casos positivos e a consequente taxa de mortalidade relacionada com a Covid-19 foi muito menor em lares mais pequenos.


As Green Houses são estruturas mais familiares, que acolhem em média 10 a 12 pessoas. Têm equipas fixas, que realizam múltiplas funções, e são atribuídos, sempre, os mesmos assistentes, aos mesmos residentes. 

Outro dos fatores que contribuíram para o seu sucesso será o facto de as Green Houses serem autossuficientes. Oferecem também uma remuneração mais justa aos profissionais de saúde, como os enfermeiros, privilegiando assim os cuidados médicos aos idosos.


Em termos de arquitetura geral, estes lares são mais pequenos, contudo, os quartos e casas de banho são privativos para todos os residentes.



Estas instituições acabam por oferecer uma melhor qualidade de vida aos seus residentes idosos, uma vez que estes passam mais tempo acompanhados pelos cuidadores, e menos nos hospitais. Estas casas disponibilizam aos idosos cuidados de saúde especializados, para a sua reabilitação física e cognitiva, a curto prazo. 
 
Este tipo de estruturas de acolhimento de idosos, mais pequenas e de estilo caseiro, podem tornar-se um modelo ideal para o futuro dos lares. O menor número de pessoas que coabitam no mesmo espaço e, também, das que o visitam, pode contribuir para que no futuro, crises como a Covid-19 deixem de ser uma preocupação e um problema para os idosos e a sociedade no seu todo. 



Como devem os lares gerir crises no futuro?


Futuramente, será importante a implementação de medidas preventivas para evitar a propagação e transmissão de vírus em lares de idosos. Em situações semelhantes, a testagem deve ser frequente, e o isolamento de infetados imediato. Para além do reforço das regras sanitárias, a arquitetura geriátrica deve ser, agora, uma prioridade, para possibilitar a existência de espaço e condições adequadas ao distanciamento social, isolamento de pessoas, em pandemia.


Uma medida vencedora pode ser implementada nos lares tradicionais: formação de equipas de trabalho autogeridas e universais.



Estas equipas realizam tarefas clínicas, cuidados pessoais, preparação de refeições e serviços de limpeza. Ao mesmo tempo, também os profissionais dos lares devem ser testados. Quanto mais cedo forem identificados os casos positivos, sejam sintomáticos ou não, mais eficaz será a resposta. Exigir-se-á no futuro uma melhor preparação e esforço das equipas de profissionais destas instituições, e uma maior coordenação com as instituições de saúde, as autarquias locais e serviços sociais. 


Lares de menor dimensão têm uma vantagem, visto que com menos profissionais, residentes e visitantes o risco de contágio é muito menor.



Limitar ou restringir as visitas é um procedimento necessário, no entanto, deve ser acompanhado de alternativas que compensem a carência dos idosos, por não poderem estar com os seus entes queridos. Os lares têm, por isso, que garantir a comunicação, frequente, dos seus residentes com os familiares, por telefone, ou videochamada. 

Em caso de sobrelotação, os lares devem permitir a deslocação de idosos para outras instituições, que ofereçam menos riscos de contaminação e disseminação de vírus. Esta é uma das formas de reduzir o número de surtos. O apoio das autarquias é fundamental, sobretudo quando se trata de suportar custos em equipamentos de saúde. 


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