As perturbações do sono na terceira-idade

Por Catarina Bouca , 07 de Outubro de 2019 Envelhecimento


Os nossos padrões de sono vão sofrendo alterações ao longo da vida, especialmente no que diz respeito à duração. Na terceira-idade, existem muitas queixas de noites em branco e falta de sono no momento do deitar. Os idosos dormem menos (entre 5 e 7 horas) que os adultos (6,5 a 8,5 horas) e estes menos que as crianças e bebés (10 a 14 horas).

As perturbações de sono constituem um fator de risco para a saúde dos seres humanos, independentemente da idade que têm. De acordo com vários estudos realizados nesta área, cerca de 5% da população mundial de adultos sofre de insónias e 20% de disfunções relacionadas com a apneia do sono. São números alarmantes, uma vez que um sono sem perturbações é essencial para o bom funcionamento do organismo, principalmente na terceira-idade.



Dormir: mudanças da idade

Com o avançar da idade, vão surgindo várias alterações em relação às horas de sono e à sua qualidade. Geralmente os idosos passam a deitar-se mais cedo e a acordar mais cedo também.

​Um dado interessante é que, com a velhice, mesmo as pessoas que têm um sono normal passam menos tempo no sono profundo e mais tempo no sono superficial durante a primeira fase do sono. Os idosos têm também uma maior tendência para acordarem a meio da noite.

​Todas estas alterações contribuem para o aumento da sonolência diurna nos idosos, que passam a recorrer frequentemente à sesta.


Sabe-se ainda que as pessoas mais velhas produzem menos melatonina, a hormona que promove o sono. E podem ser mais sensíveis a estímulos do ambiente, despertando mais facilmente ao longo da noite.

No geral, todos os dados indicam que se dorme menos na terceira-idade. No entanto, isto não quer dizer que sejam necessárias menos horas de sono, já que esta redução traduz-se muitas vezes em fadiga aumentada durante o dia.


As principais perturbações do sono

Existem diversas perturbações do sono, transversais a todas as idades. São elas as insónias, a narcolepsia, a hipersonia, a parassonia, entre outras. No entanto, a duas principais perturbações do sono que afetam a população mundial, e essencialmente a terceira-idade, são as insónias e a apneia do sono.



Insónia

Manifesta-se na dificuldade em iniciar o sono ou manter o sono por períodos alargados de tempo. Os adultos que sofrem de insónia e não a tratam têm uma probabilidade 23% superior à restante população de desenvolver depressões e sintomas depressivos. Têm ainda maior probabilidade de desenvolver problemas cardíacos. Estudos recentes revelam que sintomas de insónia podem levar a um aumento do risco de cancro na próstata.

O tratamento da insónia, especialmente na terceira-idade, deve ser feito de uma forma não farmacológica, recorrendo a terapias como a estimulação cognitiva e educando o idoso para a higiene do sono. Caso não haja resultados evidentes no tratamento da patologia, o médico deve então iniciar uma terapia farmacológica.



Apneia do sono

Caracteriza-se pelo decréscimo considerável do volume respiratório durante o sono, até mesmo a «falta de ar». Pode dever-se a obstruções das vias aéreas, disfunções neurológicas na função respiratória ou a uma combinação das duas. Os sintomas da apneia do sono são variados: sonolência diária excessiva, ressonar excessivo, dores de cabeça matinais, dificuldades cognitivas e alterações no humor.

​O tratamento da apneia do sono pode ser feito através de duas intervenções (que devem ser simultâneas):

- Mudanças comportamentais e de estilo de vida: a perda de peso, a eliminação do álcool e soníferos, melhorias na higiene do sono, deixar de fumar e evitar dormir sobre as costas.

- CPAP: uma máscara que permite o fluxo de ar constante. Apesar de a sua utilização parecer desconfortável, a sua eficácia é incrível. A sua aquisição é cara, no entanto, com os devidos exames e diagnóstico poderá ser comparticipado pelo SNS.


Demência e perturbações do sono

As perturbações do sono são comuns em pessoas com demência. Alguns dormem durante o dia e, por isso, ficam acordadoas e inquietos durante a noite. Outros idosos já não têm capacidade para distinguir o dia da noite. Outros, ainda, já não são tão ativos como eram, pelo que agora necessitam de dormir menos.


Dicas para uma boa higiene de sono na terceira-idade:


1- Horas para dormir

Estabeleça um horário de dormir e acordar regular.

2- Sestas reduzidas

Se tem o hábito de fazer sestas, não exceda os 45 minutos de sono durante o dia.

3- Nem tabaco, nem àlcool

Evite a ingestão excessiva de álcool quatro horas antes da hora de dormir, e não fume.

4- Evitar a cafeína

Evite o consumo de cafeína seis horas antes da hora de dormir. Isto inclui café, chá e vários refrigerantes, e também o chocolate. 

5- Jantares ligeiros

Evite comidas pesadas, picantes ou doces, quatro horas antes da hora de dormir. Uma refeição pequena e ligeira antes de se ir deitar é aceitável.

6- Exercídio diário

Faça exercício regular, mas não imediatamente antes de se ir deitar.

7- Atenção à roupa de cama

Utilize roupa de cama confortável e agradável.

8- Temperatura e ventilação adequadas

Encontre um nível de temperatura agradável e mantenha o quarto bem ventilado.

9- Bloquear a luz e o ruído

Bloqueie todo o ruído que cause distração e elimine a luminosidade ao máximo.

​10- O quarto é "sagrado"

Reserve o seu quarto para dormir e praticar sexo. Evite utilizá-lo para trabalho ou recreação geral.


Uma realidade para qual deve estar desperto

​As perturbações de sono são bastante comuns na terceira-idade, com prevalência nos idosos que sofrem de demência. Esta é uma realidade para qual os cuidadores devem estar despertos já que a privação do sono ou um sono com pouca qualidade contribuem para o desenvolvimento de certas doenças e para uma diminuição da qualidade de vida dos idosos.


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