Alimentação e hidratação: aliados dos idosos no combate à Covid-19

Por Joana Marques , 13 de Julho de 2020 Longevidade


Todos os dias são noticiados novos casos de infeção e mortes por Covid-19 em lares portugueses, o que abala a confiança das famílias na capacidade destas estruturas de proteger os idosos contra o novo coronavírus.



Deve ser feito tudo para proteger os idosos desta doença, mas sem dramatismos. A Covid-19 não é uma sentença de morte e pequenas alterações na alimentação podem fazer diferença!



Os idosos que vivem em lares já se encontram numa situação de risco. Por essa razão, é fundamental que se utilizem todas as armas disponíveis no combate à Covid-19. Leia este artigo e perceba como a alimentação e a hidratação contribuem para o fortalecimento do sistema imunitário e uma melhor recuperação dos idosos em situação de doença.



Comer bem, envelhecer bem


Um sistema imunitário forte e ativo não pode ser dissociado de um organismo bem nutrido e hidratado. Aliás, existe hoje em dia a convicção de que comer bem e ter uma boa hidratação reduzem significativamente o risco de morte e contribuem para uma menor taxa de declínio fisiológico e cognitivo.



Uma má alimentação está na base das doenças crónicas que dificultam a recuperação dos idosos quando infetados pela Covid-19: doenças cardíacas, diabetes e inflamação do organismo. 



Garantir que o idoso tem uma boa nutrição é um dos pilares para um bom envelhecimento, e não um imperativo apenas desta pandemia. A comida é o alimento das células e os idosos precisam de combustível de boa qualidade, que se sobrepõe à quantidade.



O que é isso de «comer bem»?

Diz-se que todos sabemos a diferença entre comer bem e comer mal. Na dúvida, pergunte aos mais velhos como é que eles comiam antigamente e vai reconhecer algumas das características da dieta mediterrânica.


Ainda assim, relembramos que podem ser considerados como alimentos saudáveis as frutas, os legumes, as verduras e os cereais integrais.



Uma má alimentação é aquela que se baseia em alimentos processados e hidratos de carbono refinados. Quanto mais naturais forem os alimentos, menor será a quantidade de resíduos que se acumulam no organismo e destroem a flora intestinal. Comer mal é, portanto, optar por comida industrializada, rica em conservantes, corantes e sódio e muito pobre em nutrientes que fornecem energia, vitaminas e minerais. 



O que é que o idoso deve comer?

À exceção dos excessos cometidos esporadicamente, o regime alimentar do idoso deve ter em conta que as necessidades proteicas, vitamínicas e minerais se mantêm, enquanto as energéticas diminuem. 



Uma alimentação equilibrada e natural contribui para a diminuição do risco de contrair várias doenças, que pioram a condição de saúde de quem contrai a Covid-19.



A cozinha portuguesa tem na sua base muitas das características da já mencionada dieta mediterrânica, que é uma das mais adequadas para os mais velhos, pois é fonte de vitaminas e minerais essenciais, como a vitamina A, B6, B9, B12, C e D e o cobre, ferro, selénio, zinco. Esta cozinha fornece energia através do consumo equilibrado de hidratos de carbono, proteínas e lípidos.


Os idosos devem ter uma dieta onde sejam incluídos alimentos como azeite, peixe, hortícolas, fruta e leguminosas. As ervas aromáticas devem ser privilegiadas em lugar do sal.



Os idosos devem também incluir no regime alimentar laticínios (quando tolerados) e alguma carne vermelha. Apesar disto, as carnes brancas devem ser preferidas, e há que ter muita atenção ao sal presente normalmente na manteiga e nos queijos.

Um idoso hidratado é mais forte


Somos o que comemos, mas também o que bebemos e em que quantidade. É essencial ter uma boa hidratação em todas as fases da vida, e é especialmente importante garantir que o idoso bebe líquidos suficientes, mais que não seja porque com o envelhecimento vamos perdendo a sensação de sede.



A desidratação compromete a eficiência do sistema imunitário e a resposta de anticorpos, fundamentais para a defesa contra infeções como a Covid-19.



Embora à nascença o nosso corpo seja constituído por 70% de água, esse valor vai diminuindo com a idade - por exemplo, para uma pessoa de 60 anos, situa-se entre 45% e 52% - devido à redução da massa muscular e ao declínio do funcionamento dos rins. A DGS recomenda a ingestão de cerca de 8 copos de água por dia, ou seja entre 1,5 a 2 litros.



As células, órgãos e tecidos, em conjunto, produzem anticorpos que auxiliam no combate a vírus como o novo coronavírus, portanto devem estar bem hidratados.



A ingestão frequente de líquidos ao longo do dia faz com que o idoso tenha a boca molhada com frequência, o que significa que vão sendo enviados sinais constantes ao sistema nervoso para que seja mantida a produção de saliva, e contribui para a concentração de anticorpos. A desidratação compromete o transporte de nutrientes e oxigénio até às células, o que se traduz numa resposta imunitária insuficiente.



A prevenção faz a diferença contra a Covid-19


Embora não existam ainda dados científicos concretos que permitam afirmar que idosos mais bem nutridos e hidratados estão mais protegidos contra a Covid-19, sabemos que quando se trata do organismo isto anda tudo ligado. Comer bem e dormir bem, fazer algum exercício, beber água suficiente e lutar contra a solidão são pequenos hábitos diários que, ao serem mantidos, podem ter um impacto significativo e muito positivo diante do cenário de uma infeção por Covid-19!



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