A minha residência sénior não cativa idosos autónomos, porquê?
Por Sónia Domingues , 26 de Abril de 2023 Profissionais
O panorama dos lares de idosos e residências sénior em Portugal tem vindo a desenvolver-se significativamente nos últimos anos. As residências sénior apostam em serviços mais diferenciados, com qualidade que não é habitual nos lares de idosos ditos mais tradicionais. Mas, apesar de as residências sénior estarem equipadas com quartos e espaços comuns atrativos e oferecerem serviços premium, continuam a não atrair os idosos mais ativos e ainda autónomos. Há alguns erros crassos que acabam por acontecer de forma quase impercetível e facilmente elimináveis.
Este é um público que interessa às residências sénior, porque podem usufruir dos serviços por mais anos, e não carecem de tantos cuidados, que cansam e ocupam os colaboradores. Para além do mais, o ambiente numa residência sénior que tenha idosos mais ativos e autónomos acaba também por ser mais leve e social. Neste artigo, vamos conhecer os motivos que desmotivam os idosos a residir num lar enquanto são autónomos e ativos.
A residência sénior tem normas muito restritivas
Quando se abre o regulamento interno de uma residência sénior ou de um lar de idosos e se encontram repetidas excessivamente as expressões «não é permitido» ou «é proibido», já se sabe de antemão que o idoso autónomo não vai querer ingressar voluntariamente. As normas muito restritivas, que limitam os movimentos dos residentes e que os proíbem de fazer coisas que em casa seria normal eles fazerem, são altamente desmotivantes. Compreendendo-se que a residência tem de ter normas para funcionar devidamente, deve evitar o excesso de zelo e as proibições extensivas.
Tem uma série de horários rígidos para cumprir
Quando a residência sénior impõe horários muito rígidos, está a perder oportunidade de conquistar clientes mais autónomos, que não necessitam de apoio para a higiene pessoal diária ou para as refeições. Os horários rígidos apenas fazem sentido para os idosos que precisam de ajuda frequente dos colaboradores, por uma questão de organização e gestão da residência. No entanto, a imposição de um horário estrito já não faz tanto sentido para o idoso autónomo. A residência poderá encontrar um meio-termo, impondo um intervalo horário mais alargado para o horário de refeições e hora de deitar e levantar.
As saídas dos idosos autónomos são excessivamente controladas
Se, quando o idoso autónomo quer sair, tiver que preencher uma série de formalidades e avisar com antecedência, isto cria um receio de lhe estarem a ser coertadas as liberdades de movimento. A autonomia e independência dos idosos está posta em causa nestes casos, e os idosos mais lúcidos e autónomos irão procurar uma opção mais flexível para o seu futuro. A residência sénior deve procurar encontrar um modelo de comunicação das saídas e entradas mais flexível para os idosos lúcidos e mais autónomos.
As visitas são limitadas e circunscritas
A Covid-19 levou a que muitas residências sénior impusessem uma série de restrições às visitas, tanto em termos de espaços de visita, como de horários. Mas o idoso autónomo não quererá ir para uma residência que apenas permite visitas nos espaços comuns, obrigando a uma marcação prévia e com horário limitado. Aliás, nem o idoso autónomo nem o mais dependente terá uma relação saudável e afetiva com a família se as visitas estiverem muito limitadas. Ter restrições de espaço ou horários muito limitados para serem visitados por amigos e familiares é impensável.
A residência sénior não está preparada para receber casais
Muitas vezes ocorre a procura de um casal, que não quer ser separado, e que está aberto à possibilidade de ir para uma residência sénior. Frequentemente a procura é motivada por uma doença ou fragilidade de um dos membros do casal. A opção por quartos de casal deve ser disponibilizada aos clientes autónomos, sendo uma continuação da vida que mantinham autonomamente em suas casas. No entanto, o lar ou residência sénior não tem quartos para casais, ou prefere ter os homens numa ala e as mulheres noutra e sugere separar o homem e a mulher. Um casal que está junto há décadas com certeza não quer ser separado. Isto representa uma amputação da autonomia do casal, que irá preferir escolher outra residência sénior a ser separado.
O idoso tem pouca flexibilidade na alimentação
Se há algo que desmotiva a entrada do idoso autónomo numa residência sénior é não ter variedade na alimentação. Para a residência sénior que quer atrair o idoso autónomo, pensar numa seleção variada de pratos e ter opções de escolha nas refeições é fundamental. Desta forma, o idoso autónomo sente que tem algum poder e autonomia e não se sente tão limitado, como com uma alimentação monótona ou com pouco sabor. A residência deve apostar numa alimentação variada, com opções de escolha nas principais refeições, assim como possibilidade de partilhar refeições com familiares e amigos.
Atividades planeadas são pouco interessantes
Quando o idoso autónomo ingressa numa residência sénior, quer ter atividades que o estimulem e o desafiem física e mentalmente. Quer também ter atividades sociais que promovam a convivência entre pares. Sabendo-se que muitos idosos que residem no lar são dependentes ou muito dependentes, o animador sociocultural deve procurar atividades que envolvam os residentes mais autónomos, criando grupos específicos com os idosos ativos. Como tal, a residência deve procurar atividades variadas e estimulantes, em espaços próprios, que se adequem ao estado físico e mental do residente autónomo. Saídas culturais, bailes, xadrez e jogos mais desafiadores poderão ser opções que atraiam idosos mais autónomos.
A residência sénior não sabe como atrair os clientes que deseja
Se não revê a sua residência sénior em muitos destes elementos, então a causa de não atrair idosos autónomos poderá ser a falta de comunicação ou de divulgação certa. Hoje em dia, a Internet é uma ferramenta fundamental. Quando a família procura uma residência sénior, o mais provável é que faça uma busca online. Se a sua residência sénior não aparece referenciada em locais de referência como a Lares Online, a família continuará a desconhecer a qualidade da residência. Se tiver presença online numa plataforma de confiança e que sabe como chegar ao seu público-alvo, esta visibilidade estará a seu favor, tornando-a mais atrativa e credível para os clientes que deseja.
Modernizar para atrair idosos autónomos
Apesar de hoje em dia se verem muitas residências sénior modernas e contemporâneas, com espaços amplos e arejados e mobiliário requintado, muitas vezes o pensamento e filosofia que rege estas instituições continuam enraizado em modelos antigos e ultrapassados que não estimulam a independência e autonomia do idoso. Para atrair novos públicos, mais jovens e ainda em boas condições físicas e mentais, a gestão das residências tem de se adequar e ajustar as regras.
Os idosos que não querem ver a sua autonomia e independência posta em causa, apenas querem usufruir dos serviços que lhes facilitam a vida. A adequação dos regulamentos internos das instituições terá de ser uma prioridade, para as residências que querem ter clientes mais autónomos e mais jovens. Também o tipo de divulgação que a residência sénior escolhe pode ser primordial para atrair os idosos mais autónomos.