8 Assassinos da alta performance dos colaboradores em lar de idosos
Por Susana Pedro , 23 de Abril de 2019 Profissionais
O trabalho em lar de idosos, essencialmente de auxiliares de geriatria e profissionais de saúde, é cada vez mais discutido. Com a crescente procura desta resposta residencial, as exigências aumentam e espelham a qualidade do serviço (ou falta dela) do lar de idosos. Há diversos factos que podem desmotivar os colaboradores, sejam auxiliares sejam profissionais de saúde, em geral.
O que é a alta performance?
Hoje em dia, fala-se de alta performance em quase todas as esferas da vida. Todos queremos ter um desempenho sem igual a nível profissional. No entanto, o que é isto da alta performance?
Essencialmente, pessoas que trabalham em alta performance estão muito motivadas para aquilo que pretendem produzir. Falando de um lar de idosos, o que importa é reunir uma equipa preparada para cuidar devidamente dos idosos, altamente motivada em fornecer bem-estar e qualidade de vida aos residentes e disposta a ousar para atingir os seus objectivos.
Assassinos da alta performance em lar de idosos
1 - Falta de liderança
A desorganização reina em muitos lares de idosos. A direção, particularmente em lares de média e grande dimensão, está muito ausente do ambiente comum. Isto faz com que exista uma assimetria na equipa de decisão e na de ajuda directa. Mesmo quando a direção se encontra muito presente no dia-a-dia do lar, muitas vezes falta uma liderança forte, em que a equipa se sente apoiada e funciona para atingir objetivos comuns. A figura do líder deve ter, por natureza, a força de inspirar os colaboradores no lar de idosos.
2 - Falta de reconhecimento
O trabalho em lar, para além de muito pesado e muitas vezes difícil, é muito desvalorizado. Seja por familiares, que acreditam piamente que os funcionários estão ali para servir directamente os seus familiares idosos e muitas vezes são algo injustos, seja pela direcção, que não reconhece a dificuldade do trabalho desenvolvido. O colaborador vê-se muitas vezes confrontado com situações complicadas, que mesmo depois de resolvidas não lhe conferem nenhum grau de reconhecimento seja da parte da família, seja da direcção, visto que o seu trabalho é exactamente esse.
3 - Excesso de trabalho
Muitas vezes, as cargas horárias são excessivas, por falta de funcionários, o que leva a um cansaço extremo. Ao ser um trabalho muito especializado, é necessário um nível de preparação física e mental que não é comum. O trabalho funciona por turnos, o que também fomenta a rotatividade e falta de pessoal periodicamente. O excesso de funções acumuladas por estes motivos pode diminuir a qualidade dos serviços prestados e afetar em muito o nível de produtividade e moral do colaborador.
4 - Falta de sentido de missão
Havendo grande rotatividade, como já foi explorado noutro artigo, o sentido de pertença não é bem apreendido pelos profissionais. O papel de cuidador é assumido enquanto emprego meramente prático, não havendo um verdadeiro sentido de missão no cuidar de um idoso. Muitas vezes, os colaboradores não se identificam com os valores das várias instituições, vendo o seu papel apenas enquanto profissionais no sentido lato e não responsáveis do bem-estar dos idosos a seu cargo.
5 - Estagnação profissional
Os lares de idosos, em geral, pouco apostam na formação contínua dos seus colaboradores. Seja para desenvolver as competências que o colaborador já possui, seja para introduzir e desenvolver novas aptidões e tarefas, esta formação contínua apenas iria diferenciar os serviços que os lares oferecem, conduzindo a melhorias no atendimento e no cuidado dos idosos residentes. Havendo uma forte aposta em formação, é possível ascender na carreira, no entanto isto não é frequente. O mais comum é realmente a estagnação profissional.
6 - Falta de comunicação
A comunicação, sabe-se cada vez mais, é essencial para todas as esferas das pessoas. Ao falar de comunicação, falamos de tom de voz (muitas vezes elevados e prepotentes), de comunicação não verbal, transmissão de informações escritas e verbalmente. Caso não haja uma comunicação saudável, seja a nível vertical (entre a direção do lar e os colaboradores) seja a nível horizontal (entre os próprios colaboradores), todo o trabalho desenvolvido sofre. É necessário criar um bom ambiente de comunicação, em que as informações sejam transmitidas cordialmente entre colaboradores.
7 - Remuneração baixa
A maioria dos colaboradores em lar de idosos auferem ordenado correspondente ao ordenado mínimo nacional, ou pouco acima deste valor. Assim sendo, e acrescendo-se o grau de dificuldade do trabalho desenvolvido, trata-se de um emprego pouco apetecível, a nível financeiro, face a outros com menor esforço e sem a exigência do cuidar.
8 - Mau ambiente de trabalho
Mais uma vez o forte papel da rotatividade de colaboradores em lar de idosos. Ao haver muitos colaboradores, que muitas vezes não criam laços entre si, é difícil haver um ambiente laboral estável e positivo. Juntando a este factor todos os enunciados acima, é complicado que colaboradores insatisfeitos criem um bom ambiente, pelo que isto funciona como uma bola de neve.
O que fazer, então?
O cuidar deve ser visto como algo relacional e afectivo, assentando num interesse e consideração pelo outro enquanto pessoa e não apenas na efectiva prestação de serviços.
Deve haver uma cultura de respeito por princípios claros e sólidos, que leve todos os colaboradores a agir de forma ética. Essa postura deverá ser vista como natural dentro da organização. Os colaboradores do lar de idosos devem agir eticamente, não para evitar consequências negativas, mas porque adoptam como intrinsecamente seus os valores da ética e do respeito pelo próximo.
A direcção tem aqui um papel muito importante, visto que parte dela a rectificação de muitos destes aspectos enunciados. Ao fazer do lar de idosos um bom local para trabalhar, onde os colaboradores são reconhecidos e valorizados aos mais diversos níveis, o lar acaba por ver a sua qualidade de serviço acrescida, o que só traz benefícios a todos.