3 Dicas para atividades em lares de idosos confinados

Por Joana Marques , 23 de Fevereiro de 2021 Profissionais


Os lares e residências para idosos são espaços de socialização, que promovem o envelhecimento ativo, a participação social e a realização de um conjunto de atividades de cariz recreativo, cultural, social e educativo, com o objetivo de preservar a identidade e o bem-estar físico, emocional e cognitivo dos mais velhos.


A Covid-19 relegou para segundo plano os animadores socioculturais e levou à suspensão de todas as atividades realizadas no exterior.



​As rotinas dos idosos residentes em lares têm sido constantemente alteradas, devido à imposição de medidas de confinamento e desconfinamento. As visitas de amigos e familiares, as saídas ao exterior para passeios ou visitas culturais e a presença dos animadores socioculturais estão condicionadas devido à renovação de sucessivos estados de emergência, com medidas cada vez mais restritivas.


O confinamento dos idosos aos lares é uma inevitabilidade desta doença, que é particularmente grave entre os mais velhos.



No entanto, os seres humanos não se contentam em sobreviver e é necessário garantir que a vivência em lar continue a ser estimulante, dinâmica e envolvente, mesmo em contexto de crise. Este artigo pretende valorizar a importância das atividades nos lares durante o confinamento. Com ou sem a presença de animadores socioculturais, os idosos precisam mais que nunca estar física e emocionalmente ativos.



Os efeitos negativos do confinamento


A pandemia trouxe desafios sem precedentes às instituições do setor social. No último ano, os lares foram forçados a canalizar grande parte dos seus recursos humanos e materiais para a prevenção da Covid-19. Além disso, o cumprimento das regras de higienização de residentes idosos, profissionais e espaços passou a ocupar grande parte da rotina quotidiana dos lares.


É necessário combater sentimentos de ansiedade, angústia, desânimo e apatia que têm sido recorrentes nos idosos devido ao distanciamento social e confinamento.



​As atividades socioculturais e o exercício físico deixaram de ser centrais na vida dos idosos em lar, o que tem contribuído para o aprofundamento do sentimento de solidão e degradação da saúde física e cognitiva dos mais velhos.


As atividades de animação não servem apenas para ocupar o tempo livre dos idosos, mas também para que eles se sintam ativos e integrados.



​Durante esta crise de saúde pública, os idosos que residem em lares têm estado muito tempo desocupados, o que pode levar ao tédio, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade e falta de razão de viver. Por si só, o confinamento já causa muita ansiedade, e a saúde física e mental dos idosos tem ainda mais tendência para se deteriorar, se eles não estiverem ocupados com atividades diversificadas.


Em média, os idosos estão desocupados 8 horas por dia. Mesmo em confinamento, essas horas devem ser dedicadas a lazer, comunicação, ginástica mental e exercício físico.



​A pandemia piorou as capacidades físicas, cognitivas e sociais dos idosos residentes em lares. Um estudo da Universidade de Coimbra que analisou o impacto do primeiro confinamento entre os mais velhos são mencionadas queixas de perda de memória e de declínio cognitivo em termos gerais.


Também se registou uma redução na mobilidade, um elemento-chave no que se refere à autonomia e independência dos idosos.



​O decréscimo da frequência (ou mesmo suspensão) das sessões de fisioterapia, a limitação das visitas e saídas ao exterior e a diminuição da atividade física já se fazem notar na qualidade de vida dos idosos. Menos ativos e funcionais, os idosos confinados em lares são mais propensos a quedas, que podem levar à imobilização na cama.

3 Dicas para idosos ativos em lares confinados

É necessário proteger os mais velhos da Covid-19, mas será que o devemos fazer a todo o custo? Claro que sim, mas apenas quando não existe alternativa (e existe sempre alternativa, mesmo em contexto de crise). A pandemia continua sem fim à vista e, para que os idosos que residem em lares tenham um futuro com qualidade, é preciso ir mais além e criar condições para que continuem ativos, envolvidos e ocupados.


O tempo de agir é agora. Quanto mais tempo os idosos estiverem inativos, maiores serão as perdas.



​Os profissionais dos lares devem, por isso, encontrar tempo e vontade para estimular os idosos durante os  períodos de confinamento. Devem ser criativos dentro das limitações impostas pelo distanciamento social e pensar em novos métodos para manter os idosos física, cognitiva e emocionalmente ativos.


A pandemia pôs à prova a criatividade dos animadores e a sua capacidade de diversificar e reinventar as atividades.



​Algumas atividades deixaram de ser feitas por causa das normas de higiene e segurança, especialmente aquelas que são feitas em grupo. A animação sociocultural teve que ser adaptada às especificidades de cada lar.


Não existem fórmulas mágicas. As atividades têm que ser adaptadas aos idosos residentes em cada lar e às condições preexistentes.



A diminuição das atividades em grupo por razões de higiene e segurança leva à quebra da proximidade entre os idosos, que se sentem menos relaxados e abertos a novas experiências. O confinamento não significa que se deixem de realizar atividades em grupo, mas elas só devem ser realizadas se o lar tiver espaço suficiente para que seja respeitado o distanciamento de 1,5 a 2 metros. Todos estes condicionamentos exigem que as atividades sejam repensadas.



1 - Apostar nas preferências pessoais

Uma das grandes vantagens de um lar de idosos é a possibilidade de socialização, decorrente de uma vida em comunidade e integrada na comunidade. No entanto, os idosos que estão confinados nos lares também devem manter o distanciamento entre si, mesmo que não existam suspeitas de Covid-19 ou que já esteja em marcha o processo de vacinação.


Deve-se explicar ao idoso que o distanciamento é uma situação temporária e excecional.



​Devem ser estimulados os gostos pessoais de cada um e se for necessário adaptar as suas atividades preferidas em grupo ao contexto individual:

  • Os trabalhos manuais, como colagens,  pinturas, recortes, bordados, tricô ou crochê, podem continuar a ser realizados desde que cada idoso tenha o seu próprio material;
  • Uns podem dançar sem que haja contatos entre si, enquanto outros podem simplesmente ficar a ouvir a música;
  • Organizar uma tarde de cinema: apostar em filmes portugueses antigos ou comédias, que são ideais para aliviar tensões, estimular a memória e melhorar o humor;
  • Fazer palavras-cruzadas, puzzles e outros jogos de memória e ocupação de tempos livres (por exemplo, seguir a Sebenta da Quarentena);
  • Cultivar uma pequena horta ou cuidar de plantas e flores em vaso no quarto ou varanda;
  • Disponibilizar jornais, revistas e livros para os idosos que gostam de ler.


2 - Fazer atividades físicas leves

As restrições nas atividades que estimulam a psicomotricidade obrigam a encontrar formas de manter os idosos ativos de formas simples e pouco exigentes do ponto de vista físico ou material:


  • Dar caminhadas durante o maior tempo possível dentro do quarto, nos corredores ou no jardim;
  • Sentar e levantar da cadeira com frequência;
  • Sentar e elevar alternadamente os braços lateralmente, à frente e acima dos ombros;
  • Alongar com auxílio de uma toalha presa aos pés ou às mãos;
  • Abrir e fechar as mãos com frequência;
  • Em pé, elevar alternadamente os joelhos ou treinar o equilíbrio, uma perna de cada vez.

3 - Tirar partido das novas tecnologias


Hoje em dia é muito mais fácil entrar em contacto remotamente e em tempo real com familiares e amigos. Os telemóveis, tablets ou computadores são uma fonte inesgotável de oportunidades de comunicação, de partilha, de participação na comunidade e de criação de novas formas de ocupar os tempos livres.


As novas tecnologias só são úteis se os idosos souberem tirar partido delas. Se forem ensinados, abrem um novo mundo de entretenimento!



​Existem inúmeras atividades virtuais que os idosos podem desempenhar e que ajudam a estimular o sentido estético, visual, motor e auditivo:

  • Visitas virtuais a museus nacionais e internacionais ou a exposições temporárias;
  • Pesquisar sobre os mais diversos assuntos, o que estimula a capacidade para resolver problemas e o desenvolvimento cognitivo através da acumulação de novos conhecimentos;
  • Participar em cursos online gratuitos ou fazer workshops temáticos;
  • Jogar online (e até contra outros jogadores) jogos de cartas e de tabuleiro (damas e xadrez, por exemplo);
  • Manter contato com família e amigos através das redes sociais e participar em fóruns de discussão e trocas de ideias;
  • Viajar pelo mundo sentado na cadeira, através de mapas interativos, do visionamento de vídeos sobre os mais diversos locais ou de imagens de câmaras vídeo que fazem emissões em direto.

​A pandemia não vai durar para sempre e espera-se que em breve os idosos possam regressar lentamente ao seu estilo de vida anterior, sem restrições, especialmente no que se refere a visitas e saídas ao exterior.



Os idosos confinados em lares continuam a precisar de diversidade, estímulos e entusiasmo nas suas vidas.



​Desse modo, o mais importante é que os mais velhos se mantenham ativos e envolvidos durante os períodos de confinamento. O tipo de atividades mais adequadas vão sempre variar consoante os utentes de cada lar, das suas capacidades físicas e mentais, do seu grau de dependência e, acima de tudo, das condições que têm ao seu dispor (no que se refere ao espaço e aos materiais e equipamentos disponíveis). Quando há vontade, disponibilidade e criatividade, não existem limites para a imaginação e tudo é possível, mesmo que cada um se mantenha dentro da sua pequena bolha de proteção.


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