Plano de hidratação: como prevenir a hospitalização do idoso
Por Mariana Camargo , 12 de Outubro de 2021 Envelhecimento
A desidratação é um dos problemas mais frequentes em idosos, e também um dos mais difíceis de monitorizar. A situação consiste numa redução do volume total de água do corpo e é considerada significativa quando superior a 3% do peso corporal.
Este problema é recorrente nos idosos, pois pode ocorrer uma diminuição da perceção de sede e consequente ingestão insuficiente ou também o aumento das perdas de líquidos (por infeção, demência, diuréticos, entre outros).
Outra circunstância também frequente é que o acesso e a ingestão de água sejam condicionados por outros problemas comuns nesta faixa etária. Nomeadamente dificuldades de mobilidade, de visão ou a engolir, alterações cognitivas, problemas originados pelo uso de sedativos, ou mesmo a limitação autoimposta do consumo de líquidos devido a incontinência.
As consequências da desidratação podem ser graves, resultando, muitas vezes, na hospitalização do idoso.
Assim, a identificação da desidratação é fundamental para prevenir, controlar ou reverter a situação, através de planos de intervenção precoces e adaptados a cada caso específico. Por isso, é de extrema importância que cuidadores e familiares sejam capazes de reconhecer a importância de uma hidratação adequada, e as necessidades normais de ingestão hídrica no idoso além das formas de monitorizá-la.
Estudos dizem que a hidratação é essencial para o funcionamento do corpo. Manter o corpo hidratado ajuda nas atividades das células, na manutenção da temperatura corporal, no funcionamento dos rins, regulação da pressão arterial, e mesmo na digestão.
Os principais sinais de desidratação do idoso
A hidratação é essencial para a manutenção do funcionamento do corpo. É reconhecido por investigadores que os humanos, sem água, sobrevivem quatro vezes menos tempo do que sem a ingestão de comida.
Vale lembrar que a desidratação é uma forma de malnutrição, que constitui um dos mais graves problemas entre idosos. Conheça agora quais são os sinais clínicos tidos em conta para o diagnóstico de desidratação, que merecem a sua atenção quando estiver a cuidar de um idoso:
- Diminuição na produção de suor;
- Mucosa oral (boca) seca;
- Redução da elasticidade da pele, que pode ser visível;
- Alterações do estado de consciência;
- Urina com cor e odor intensos.
A hidratação é essencial para o bom funcionamento do corpo do idoso, e há consequências causadas pela desidratação: aumentando a morbidade e a mortalidade entre as pessoas idosas. Desidratação pode resultar em cansaço, alterações visuais e auditivas, dores de cabeça e sensação de secura. De forma mais agravada, o idoso desidratado pode experimentar um aumento das cãibras musculares, taquicardia e mesmo pressão arterial mais baixa.
São diversos os órgãos e sistemas do corpo que sofrem com a desidratação, por isso, é indispensável a atenção constante de cuidadores, familiares, enfermeiros e médicos que acompanham o idoso diariamente.
Quanta água deve beber o idoso?
É frequente, nesta fase da vida, verificar-se que muitos idosos não apreciam e não desenvolveram ao longo da vida hábitos de beber água, tornando-se necessário encontrar alternativas em outras bebidas que contribuam para a hidratação.
As recomendações de consumo diário de líquidos, para adultos, situam-se normalmente entre 1,5 e 2 litros.
Esta recomendação varia com o volume corporal de cada idoso e com fatores externos, que podem levar ao aumento das necessidades. Por exemplo a temperatura ambiente elevada, comum durante os meses de verão, aumenta a perda de líquidos pelo corpo, pelo que deve existir maior preocupação em repor líquidos.
É aconselhável que a água na sua forma natural deve ser preferencialmente a eleita para a manutenção da hidratação do idoso, mas sabemos que muitas vezes o idoso não a aceita ou pode mesmo ter alguma impossibilidade física para consumir líquidos.
Que fazer quando o idoso não bebe água?
Para aqueles que não aceitam água na sua forma natural, apresentamos algumas outras formas de manter a hidratação do idoso. A água aromatizada é um bom método para a hidratação daqueles idosos que não apreciam água devido à falta de sabor, elas são assim alternativas para substituir sumos industrializados e refrigerantes.
Além disso, estas águas são refrescantes e deliciosas: consistem na ideia de misturar água mineral ou filtrada com frutas, ervas e/ou especiarias, e assim têm também outros benefícios no seu consumo.
Água aromatizada (com limão e manjericão, pepino ou maçã e canela), água gelificada, sopas, frutos hortícolas, leite, iogurtes, sumos de fruta naturais e infusões.
A água gelificada é uma água com textura de gel, apropriada para o idoso que tem alguma alteração da deglutição, ou para facilitar a ingestão de medicamentos. Outro método muito utilizado é incluir sopas pelo menos nas principais refeições do dia, já que a sopa contém cerca de 88 a 93% de água. Também são pratos culinários nutricionalmente muito interessantes pelo seu teor em vitaminas, minerais e fibras, por isso recomenda-se a inclusão diária de sopa de hortícolas nos hábitos alimentares dos idosos.
Cuidados a ter ao oferecer água ao idoso
Como muitas vezes os idosos se esquecem de beber água, é necessário sempre incentivá-los a hidratar-se. Procure garantir a acessibilidade do idoso a locais onde estejam presentes diferentes formas de hidratação. Há também idosos com restrição de ingestão de líquidos por prescrição médica, para eles a água gelificada (com textura de gel) pode ser uma boa saída, mas é necessário consultar o médico para saber se é recomendada.
Nunca ofereça um copo cheio de água, já que grande quantidade ingerida de uma só vez pode causar sensação de barriga cheia e ser desconfortável. É preferível oferecer meio copo de cada vez, várias vezes ao dia.
Ofereça meio copo de cada vez, evitando os copos cheios de água, e nunca dê líquidos a um idoso deitado!
Outro cuidado necessário é jamais oferecer líquidos com o idoso deitado. Antes de dar água ao idoso, verifique que está sempre sentado ou recostado em travesseiros, para evitar engasgos.
Agora, lembre-se de todas essas dicas quando for cuidar de um idoso. A desidratação é um dos motivos mais frequentes no internamento de idosos em hospitais, por isso é de extrema importância mantê-los sempre hidratados para que eles tenham o bem-estar e a saúde em dia.