Literalmente, a braços com os mais idosos
Por Ana Palma , 25 de Setembro de 2018 Envelhecimento
Uma das principais características dos seres humanos é a capacidade de desenvolverem laços sociais e de construírem comunidades cujos elementos se conectam através desses mesmos laços. O contacto físico assume-se como aglutinador de afetos entre seres humanos e tem um papel preponderante num envelhecimento qualitativo, como veremos adiante.
A importância do contacto físico
O toque, enquanto veículo transmissor de afetos, tem demonstrado ser extremamente importante e contribuído para a edificação do ser humano nos diferentes estádios de evolução. Ele acarreta uma quantidade de sensações que têm demonstrado ser essenciais ao desenvolvimento desde tenra idade, direcionando o ser humano no sentido da empatia e da serenidade.
O contacto físico, ao criar a sensação de relaxamento e tranquilidade, faz com que os níveis de stress e ansiedade abrandem.
Para além disto, a transmissão de afeto através do toque faz subir os níveis de dopamina e serotonina, neurotransmissores associados ao prazer e bem-estar.
Ora, na 3ª idade, o contacto físico torna-se, por isto, fundamental ao desdobrar-se em benefícios emocionais e físicos. Para além de aumentar o bem-estar e a tranquilidade, ao baixar os níveis de stress, ajuda a combater o isolamento emocional e a depressão. A nível físico, o contacto físico desenvolvido através da massagem auxilia no combate ao reumatismo, artrite ou dor generalizada.
Mas mais, o contacto físico, enquanto prolongamento da afetividade e do amor, ajuda o idoso nesta fase da vida em que passa tanto tempo sozinho e em que este tipo de manifestações de carinho se torna tão indispensável e valioso.
O contacto físico tem um impacto absolutamente notório na saúde do idoso já que lhe baixa os índices de stress e a ansiedade, afasta a depressão ao mesmo tempo que alivia a dor e proporciona o relaxamento.
Todo este reforço e conforto emocional são extremamente benéficos para um salutar sistema imunitário.
Tem-se vindo a provar o quanto o contacto físico é algo absolutamente necessário à vivência humana e a pessoa idosa em muito beneficiará desta ação. Pode-se fazer algo realmente simples mas com muito impacto na vida dos mais velhos tal como: abraçar, escovar-lhes o cabelo, dar-lhes a mão ou o braço enquanto caminhamos com eles ou até aplicar-lhes um creme para o alívio da dor.
Ou seja, todas as ações que potenciem a proximidade ou o contacto físico entre os idosos e a sua família ou cuidadores têm repercussões notórias e impactantes.
O contacto físico nos doentes de Alzheimer
Se estivermos a falar de idosos portadores da doença de Alzheimer, o papel do abraço e do contacto físico podem realmente fazer toda a diferença nas suas vidas, pois, ainda que seja uma doença sem cura, é possível prolongar a qualidade de vida destes doentes. Isto alcança-se através do convívio com os entes queridos, com a transmissão de afeto e ainda com atividades potenciadoras de prazer. Estas ações tendem a abrandar a perda sistemática das funções cognitivas.
O valor de um abraço para os idosos
Os idosos, de todas as faixas etárias, são os que mais necessitam de abraços; contudo, com o avançar da idade são os que menos os recebem.
Nos Lares de Terceira Idade, ao estarem afastados das suas famílias e entes queridos, os seniores estão mais expostos à depressão e abatimento emocional. Neste cenário, o poder de um abraço é muito relevante para combater a isolamento permitindo, desse modo, que possam viver vidas com mais qualidade emocional.
Abraçar pessoas idosas em contexto institucional
Implementar dinâmicas de grupo entre os idosos residentes em lares que proporcionem o abraço pode ser bastante positivo.
Os auxiliares podem ser incentivados a abraçar os idosos, como demonstração de carinho e afeto, numa base diária.
Ainda podem ser feitas massagens profissionais aos idosos. As massagens auxiliam na diminuição da tensão e alívio da dor ao mesmo tempo que proporcionam o contacto físico, tão benéfico e valioso nesta idade.
Abracemos mais os nossos idosos!
O abraço tem demonstrado ser um aliado muito importante na manutenção da saúde física e mental dos seres humanos, assumindo-se, inclusivamente, como indicação terapêutica. Com ele conseguiram-se alcançar resultados visíveis na melhoria da qualidade de vida do idoso, ao potenciar as sensações positivas e impulsionar o entendimento entre seres humanos.
Por tudo isto, o contacto físico enquanto veículo de demonstração de afeto e de carinho, de entendimento e de compaixão, traz consigo inúmeros benefícios. Embora o mundo contemporâneo traga aos familiares inúmeros desafios na gestão do tempo, acreditamos que a transmissão de afeto e a procura do contacto físico deve ser uma preocupação daqueles para com os seus idosos.
É importante passar para os idosos empatia pela sua condição.
Somos seres que necessitamos de laços sociais e de uma comunidade e isto ainda se torna mais premente na 3ª idade em que a solidão passa a ser uma constante do quotidiano.