Lares “depósito” ou idosos “depositados”?
Por Marina Lopes , 09 de Dezembro de 2017 Lares e Residências
A conotação “depósito” atribuída a determinados lares de idosos está relacionada com a falta de dignidade. Quando os idosos são deixados a um canto, sem qualquer ocupação, quando expõem as nódoas e a falta de botões nas suas roupas, dia após dia, ou quando o seu nome e a sua história já não têm importância.
Não obstante, muitos idosos são também “depositados” nos lares, quando a família e os amigos deixam de os visitar, de lhe dar afeto ou de os levar seja para onde for, Quando nas suas vidas, já não cabe alguém que precisa de tudo e já pouco tem para dar.
“Depositar” um idoso num lar é tão grave como abandoná-lo num hospital, deixá-lo com apoio domiciliário sem supervisão ou entregue a si próprio, sem qualquer atenção. Muitos idosos “vegetam” nas suas casas, onde a solidão ou a demência vencem a vontade ou a capacidade de fazer qualquer coisa.
Pode ser muito redundante considerar apenas a forma como o lar acolhe e não a forma como a família entrega o idoso…
Não são raros os casos de idosos negligenciados, que chegam aos lares, desnutridos e desidratados ou já confinados à cama, por falta de vigilância ou de assistência. Também se atribui a expressão “depósito“ aos lares por preconceito com a institucionalização. Muito deve-se ao facto dos lares serem notícia apenas por más razões, sendo que maus tratos podem existir em diversas circunstâncias.
Por mais juízos que se façam, em casos de maior dependência, os lares de idosos são quase inevitáveis. A família cumpre o papel principal - amar e zelar pelos bons cuidados prestados ao seu familiar idoso!