Hanik Torres: Yoga, a harmonia do movimento em lar de idosos
Por Sónia Domingues , 23 de Fevereiro de 2024 Notícias
Ainda jovem e com uma carreira académica extensa que culminou num doutoramento em Ciências da Educação e Saúde, Hanik Torres dedicou-se de corpo e alma à arte do yoga, algo que ninguém poderia prever. Mas, esta é apenas uma parte da sua peculiar história de vida.
Viveu a sua infância, adolescência e fase pré adulta no Estado brasileiro de São Paulo. Dedicou-se aos estudos e depois de terminar a licenciatura de Relações Internacionais e História na Universidade Federal de São Paulo, deparou-se com a oportunidade invulgar de ir estagiar, enquanto professora, num Hospital Oncológico para crianças. Hanik considera esta experiência como a “mais intensa” da sua vida, fez com que visse o mundo de outra forma. Entretanto, inscreveu-se numa aula de yoga, enquanto aluna, e nunca mais parou. Hoje, dedica-se a tempo inteiro a esta prática milenar.
Ao vir para Portugal, surgiu a oportunidade de dar aulas de yoga num lar de idosos. Neste artigo, contamos a história da Hanik, que expõe os inúmeros benefícios que esta atividade pode representar. Benefícios que ultrapassam a mobilidade física e desenvolvem uma nova forma de encarar a vida, centrada no presente e no agora.
Sempre dedicada à carreira académica, Hanik iniciou o seu caminho no Yoga por mero acaso. Desde cedo, descobriu as vantagens que o mesmo representa: não melhora apenas o estado físico, mas também liberta a mente. A tranquilidade proporcionada por esta prática milenar, levou-a a afastar-se de uma carreira académica estável e a abraçar esta nova paixão.
Hanik Torres - O yoga é uma prática milenar que se iniciou na Índia e que integra um conjunto de elementos. O Hatha Yoga, que pratico e ensino, é a versão mais clássica: conjuga a meditação com o movimento físico.
Meditar conscientemente pode ser difícil. Este tipo de yoga incorpora o controlo físico como uma forma de enganar a mente, de maneira a estar apenas focada no presente. Quando damos por nós, estamos a meditar, porque nos concentramos na respiração, na postura física e, aos poucos, a mente desliga-se.
Hanik Torres - Fui convidada a experimentar Yoga com uma amiga e não sabia o que era. Na altura, estava a fazer o meu estágio no Hospital Oncológico Infantil e precisava de uma distração, porque dar aulas às crianças doentes era muito intenso. E aos poucos, comecei a praticar yoga com regularidade.
Inicialmente, servia apenas para o meu bem estar físico, queria cuidar do meu corpo. Mas, enquanto estava a fazer o meu doutoramento, decidi que queria aprofundar os meus conhecimentos sobre o Yoga e comecei a fazer uma formação sobre esta prática. Quando terminei o doutoramento, mergulhei de corpo e alma no yoga, porque já tinha dado aulas de yoga a crianças com deficiência intelectual e achei que precisavam de mais alguma coisa. Não exclusivamente do ensino formal, tinham de ter noção da sua identidade, de se posicionarem no mundo e o yoga era a prática ideal.
Hanik Torres - Sim, definitivamente. Impactou profundamente a minha vida. Apesar da minha família estar muito ligada à espiritualidade, a minha experiência a dar aulas no Hospital Oncológico infantil foi muito intensa.
Vivi muito o luto. Um dia estava a dar aulas a uma criança e no dia seguinte diziam-me que aquela criança tinha falecido. Os professores não tinham ou não sabiam como dar o apoio necessário para lidar com essas questões.
Por outro lado, o Yoga ajudou-me a ultrapassar esses momentos e, assim, decidi dedicar-me totalmente a esta prática. O yoga concentra-se no hoje, não no ontem nem no amanhã. No Yoga encontramos a harmonia no presente, sentimos o conforto do nosso corpo e da nossa mente. Aprendi a lidar com a confusão natural da vida, através da prática do Yoga como um escape ao stress.
Os idosos praticam yoga há muito tempo, só não é comum em Portugal, principalmente num ambiente de lar de idosos, no qual muitos residentes são dependentes e têm mobilidade reduzida. Contudo, Hanik Torres abraçou o cepticismo inicial e os desafios evidentes com carinho e respeito pelos idosos.
Hanik Torres - Pensei que seriam mais céticos e que seria mais difícil. Mas provaram-me o contrário. Os idosos são tão gentis e mostram-se dispostos a seguir as orientações e a fazer os movimentos, mas a maior dificuldade é dedicarem a atenção necessária para aproveitarem ao máximo o momento.
Na meditação, a mente pode ir para todos os lados, mas há um momento em que os pensamentos começam a estabilizar e comecei a notar isso nos idosos.
Nas primeiras vezes, eles não sabiam bem o que esperar, mas agora começam a sentir-se cada vez mais confortáveis e à vontade. Tive uma aluna, inclusive, que ficou doente. Estava acamada, mas veio à aula na mesma. Transportaram-na de maca e fez os movimentos como podia, mesmo deitada. Isso é muito bonito de assistir.
Hoje em dia, quando chego, os idosos já estão todos preparados para a aula e têm uma atitude que mostra que gostam de yoga e integram-na como algo importante nas suas rotinas. Durante a aula, concentram-se no presente, estão tranquilos e sentem-se bem, não reclamam de dor.
Hanik Torres - O desafio principal é, provavelmente, trabalhar com as debilidades dos idosos. Eu procuro saber as possibilidades de cada idoso através das equipas dos lares onde trabalho mas, alguns apresentam sérias debilidades e é difícil compreender aquilo que podem fazer. Falo com a fisioterapeuta ou com as enfermeiras e averiguo mais informações.
Hoje, pretendo fazer um trabalho voltado para a consciencialização do corpo físico, de modo a que os idosos que não dependem inteiramente do uso da cadeira de rodas, passem a andar e a preservar alguma da sua postura. O yoga verga-se muito à volta da coluna vertebral e procuro trabalhar com os idosos esta questão, como também a sustentação do corpo. Até agora, os idosos têm aceitado o desafio e adoram. Claro, ganham mais mobilidade.
Hanik Torres - O tipo de yoga que pratico com os meus idosos é o yoga postural, uma técnica mais descontraída que procura desenvolver a postura física e a mobilidade.
Nas minhas aulas, trabalho muito a consciência respiratória e corporal, através do incentivo à realização de movimentos destinados à desobstrução, que ampliam o tórax e a respiração. Os idosos, por vezes, não conseguem terminar o exercício na totalidade. Mas, o que importa é “percorrerem o caminho”, fazerem os exercícios e esforçarem-se até alcançarem o seu limite. Para além de trabalhar a respiração, tem efeitos extremamente tranquilizantes.
A prática do Yoga por residentes em lar de idosos tem inúmeras vantagens, nomeadamente, as melhorias físicas a nível respiratório, de mobilidade e de ansiedade, que muitos idosos sofrem. Hoje em dia, a aceitação do corpo e das suas fragilidades é, também, uma mais-valia que reduz a insatisfação no idoso residente em lar.
Hanik Torres - Os idosos não se negam a fazer movimentos, mesmo quando não conseguem alcançar o máximo. Faço questão de incentivar a não se limitarem. Ao longo do tempo começam a aprender e a ganhar consciência do próprio corpo, do espaço que ocupa e do seu peso. Com o tempo, ganham mais confiança e, a certa altura, aventuram-se nos exercícios, desafiam-se a si mesmos e alcançam resultados inacreditáveis de elasticidade e de performance corporal.
É preciso ter em consideração que o corpo humano está em constante mudança e que difere de dia para dia. Há que tomar essa consciência, observar o corpo e aceitar as diversas nuances para que seja possível crescer na mobilidade e na flexibilidade. Quanto mais conscientes estiverem do que conseguem ou não fazer, melhor será.
Hanik Torres - Na minha ótica, o yoga contribui muito para reduzir o stress. No Yoga, costumamos dizer que ajuda a “diminuir as ondas mentais”.
A prática regular do yoga no lar de idosos permite ao idoso “abrir caminho dentro da sua mente”, reconhecer as limitações e as possibilidades do seu corpo e desenvolver o seu lado mais empático, tanto para consigo como para com os outros. Este é, na realidade, um dos grandes princípios do yoga, gerir o nosso corpo, a nossa mente e promover o positivismo. Se nos conhecermos e aprendermos a ser gentis connosco, conseguiremos lidar melhor com os outros.
Hanik Torres - Os benefícios são diversos, mas a questão mais importante para os residentes em lar de idosos é a amplitude respiratória, que ajuda em alguns processos de cura interna.
Nas aulas de yoga, procuro que os idosos exercitem os músculos para que não fiquem “enferrujados”, algo que acontece naqueles que praticam uma vida mais sedentária. A lógica parte da seguinte premissa: quando os músculos se encontram mais flexíveis, a respiração adquire uma amplitude maior. Assim, compreende-se que a respiração, tal como a alimentação, se assume como o meio necessário para alcançar a energia vital do idoso.
O yoga também acarreta, ao idoso, benefícios a nível da sua postura corporal. Resgata a firmeza, mantém a coluna reta e não deixa o corpo “ao abandono”. A firmeza da coluna deixa a cavidade abdominal mais disponível, na qual se inserem vários órgãos internos e interfere, positivamente, no funcionamento do organismo. O yoga não induz dor aos idosos, induz uma sensação de relaxamento.
Atualmente, Hanik Torres dá aulas de yoga em dois lares de idosos na região de Lisboa e conta os segredos desta prática milenar indiana a dezenas de idosos, que beneficiam das benesses do yoga. A maior flexibilidade, a diminuição de problemas respiratórios e a redução do stress e da ansiedade, que muitas vezes acompanham o processo de envelhecimento, são apenas algumas das mais valias desta prática.
Para Hanik Torres, o yoga representa uma volta de 180 graus na sua vida. Para os residentes no lar de idosos representa bem-estar, conforto, harmonia e paz de espírito.
Viveu a sua infância, adolescência e fase pré adulta no Estado brasileiro de São Paulo. Dedicou-se aos estudos e depois de terminar a licenciatura de Relações Internacionais e História na Universidade Federal de São Paulo, deparou-se com a oportunidade invulgar de ir estagiar, enquanto professora, num Hospital Oncológico para crianças. Hanik considera esta experiência como a “mais intensa” da sua vida, fez com que visse o mundo de outra forma. Entretanto, inscreveu-se numa aula de yoga, enquanto aluna, e nunca mais parou. Hoje, dedica-se a tempo inteiro a esta prática milenar.
Ao vir para Portugal, surgiu a oportunidade de dar aulas de yoga num lar de idosos. Neste artigo, contamos a história da Hanik, que expõe os inúmeros benefícios que esta atividade pode representar. Benefícios que ultrapassam a mobilidade física e desenvolvem uma nova forma de encarar a vida, centrada no presente e no agora.
O impacto do yoga na perspectiva de vida
Sempre dedicada à carreira académica, Hanik iniciou o seu caminho no Yoga por mero acaso. Desde cedo, descobriu as vantagens que o mesmo representa: não melhora apenas o estado físico, mas também liberta a mente. A tranquilidade proporcionada por esta prática milenar, levou-a a afastar-se de uma carreira académica estável e a abraçar esta nova paixão.
Afinal de contas, o que é o Yoga?
Hanik Torres - O yoga é uma prática milenar que se iniciou na Índia e que integra um conjunto de elementos. O Hatha Yoga, que pratico e ensino, é a versão mais clássica: conjuga a meditação com o movimento físico.
Meditar conscientemente pode ser difícil. Este tipo de yoga incorpora o controlo físico como uma forma de enganar a mente, de maneira a estar apenas focada no presente. Quando damos por nós, estamos a meditar, porque nos concentramos na respiração, na postura física e, aos poucos, a mente desliga-se.
No exercício físico, o objetivo é cansarmo-nos enquanto que no yoga é descansar.
Como começou esse interesse pelo mundo do Yoga?
Hanik Torres - Fui convidada a experimentar Yoga com uma amiga e não sabia o que era. Na altura, estava a fazer o meu estágio no Hospital Oncológico Infantil e precisava de uma distração, porque dar aulas às crianças doentes era muito intenso. E aos poucos, comecei a praticar yoga com regularidade.
Inicialmente, servia apenas para o meu bem estar físico, queria cuidar do meu corpo. Mas, enquanto estava a fazer o meu doutoramento, decidi que queria aprofundar os meus conhecimentos sobre o Yoga e comecei a fazer uma formação sobre esta prática. Quando terminei o doutoramento, mergulhei de corpo e alma no yoga, porque já tinha dado aulas de yoga a crianças com deficiência intelectual e achei que precisavam de mais alguma coisa. Não exclusivamente do ensino formal, tinham de ter noção da sua identidade, de se posicionarem no mundo e o yoga era a prática ideal.
O Yoga teve um impacto significativo na sua vida?
Hanik Torres - Sim, definitivamente. Impactou profundamente a minha vida. Apesar da minha família estar muito ligada à espiritualidade, a minha experiência a dar aulas no Hospital Oncológico infantil foi muito intensa.
Vivi muito o luto. Um dia estava a dar aulas a uma criança e no dia seguinte diziam-me que aquela criança tinha falecido. Os professores não tinham ou não sabiam como dar o apoio necessário para lidar com essas questões.
Por outro lado, o Yoga ajudou-me a ultrapassar esses momentos e, assim, decidi dedicar-me totalmente a esta prática. O yoga concentra-se no hoje, não no ontem nem no amanhã. No Yoga encontramos a harmonia no presente, sentimos o conforto do nosso corpo e da nossa mente. Aprendi a lidar com a confusão natural da vida, através da prática do Yoga como um escape ao stress.
Tinha toda uma carreira académica feita, e optei por me dedicar totalmente ao Yoga, mas o conhecimento é cumulativo e eu uso tudo o que aprendi para agora me dedicar ainda mais na área infinita que é o yoga.
Adaptação do Yoga a Idosos em ambiente de lar
Os idosos praticam yoga há muito tempo, só não é comum em Portugal, principalmente num ambiente de lar de idosos, no qual muitos residentes são dependentes e têm mobilidade reduzida. Contudo, Hanik Torres abraçou o cepticismo inicial e os desafios evidentes com carinho e respeito pelos idosos.
Como lida com o ceticismo dos idosos em relação ao Yoga?
Hanik Torres - Pensei que seriam mais céticos e que seria mais difícil. Mas provaram-me o contrário. Os idosos são tão gentis e mostram-se dispostos a seguir as orientações e a fazer os movimentos, mas a maior dificuldade é dedicarem a atenção necessária para aproveitarem ao máximo o momento.
Na meditação, a mente pode ir para todos os lados, mas há um momento em que os pensamentos começam a estabilizar e comecei a notar isso nos idosos.
Nas primeiras vezes, eles não sabiam bem o que esperar, mas agora começam a sentir-se cada vez mais confortáveis e à vontade. Tive uma aluna, inclusive, que ficou doente. Estava acamada, mas veio à aula na mesma. Transportaram-na de maca e fez os movimentos como podia, mesmo deitada. Isso é muito bonito de assistir.
Hoje em dia, quando chego, os idosos já estão todos preparados para a aula e têm uma atitude que mostra que gostam de yoga e integram-na como algo importante nas suas rotinas. Durante a aula, concentram-se no presente, estão tranquilos e sentem-se bem, não reclamam de dor.
Apesar de, ao início, estarem um pouco duvidosos, começaram a integrar o Yoga nas suas vidas e, agora, desfrutam dos momentos mesmo com alguma incapacidade que possam ter.
Quais os principais desafios de trabalhar com idosos?
Hanik Torres - O desafio principal é, provavelmente, trabalhar com as debilidades dos idosos. Eu procuro saber as possibilidades de cada idoso através das equipas dos lares onde trabalho mas, alguns apresentam sérias debilidades e é difícil compreender aquilo que podem fazer. Falo com a fisioterapeuta ou com as enfermeiras e averiguo mais informações.
Hoje, pretendo fazer um trabalho voltado para a consciencialização do corpo físico, de modo a que os idosos que não dependem inteiramente do uso da cadeira de rodas, passem a andar e a preservar alguma da sua postura. O yoga verga-se muito à volta da coluna vertebral e procuro trabalhar com os idosos esta questão, como também a sustentação do corpo. Até agora, os idosos têm aceitado o desafio e adoram. Claro, ganham mais mobilidade.
A força para suster o corpo foca-se na coluna vertebral e a postura é um dos maiores desafios, não apenas para os idosos. Mas, com um bocadinho de esforço, vão retomando a sua mobilidade!
Que tipo de yoga praticas com os idosos?
Hanik Torres - O tipo de yoga que pratico com os meus idosos é o yoga postural, uma técnica mais descontraída que procura desenvolver a postura física e a mobilidade.
Nas minhas aulas, trabalho muito a consciência respiratória e corporal, através do incentivo à realização de movimentos destinados à desobstrução, que ampliam o tórax e a respiração. Os idosos, por vezes, não conseguem terminar o exercício na totalidade. Mas, o que importa é “percorrerem o caminho”, fazerem os exercícios e esforçarem-se até alcançarem o seu limite. Para além de trabalhar a respiração, tem efeitos extremamente tranquilizantes.
Eu pratico uma técnica de yoga que desenvolve a atenção. Sempre que a atenção se mantém dentro do corpo e/ou na respiração significa que a mente está no agora. Deixa de remoer o passado e não se preocupa com o futuro, vive apenas o presente.
Vantagens do Yoga em residentes idosos em lar
A prática do Yoga por residentes em lar de idosos tem inúmeras vantagens, nomeadamente, as melhorias físicas a nível respiratório, de mobilidade e de ansiedade, que muitos idosos sofrem. Hoje em dia, a aceitação do corpo e das suas fragilidades é, também, uma mais-valia que reduz a insatisfação no idoso residente em lar.
Como é que o Yoga ajuda a melhorar a flexibilidade e a mobilidade em idosos?
Hanik Torres - Os idosos não se negam a fazer movimentos, mesmo quando não conseguem alcançar o máximo. Faço questão de incentivar a não se limitarem. Ao longo do tempo começam a aprender e a ganhar consciência do próprio corpo, do espaço que ocupa e do seu peso. Com o tempo, ganham mais confiança e, a certa altura, aventuram-se nos exercícios, desafiam-se a si mesmos e alcançam resultados inacreditáveis de elasticidade e de performance corporal.
É preciso ter em consideração que o corpo humano está em constante mudança e que difere de dia para dia. Há que tomar essa consciência, observar o corpo e aceitar as diversas nuances para que seja possível crescer na mobilidade e na flexibilidade. Quanto mais conscientes estiverem do que conseguem ou não fazer, melhor será.
Como é que o Yoga pode contribuir para reduzir o stress e a ansiedade em idosos?
Hanik Torres - Na minha ótica, o yoga contribui muito para reduzir o stress. No Yoga, costumamos dizer que ajuda a “diminuir as ondas mentais”.
A prática regular do yoga no lar de idosos permite ao idoso “abrir caminho dentro da sua mente”, reconhecer as limitações e as possibilidades do seu corpo e desenvolver o seu lado mais empático, tanto para consigo como para com os outros. Este é, na realidade, um dos grandes princípios do yoga, gerir o nosso corpo, a nossa mente e promover o positivismo. Se nos conhecermos e aprendermos a ser gentis connosco, conseguiremos lidar melhor com os outros.
Desenvolver esta faceta nos lares de idosos é fundamental para que os idosos consigam criar uma maior conexão com os funcionários do mesmo e para que ajudem a promover um ambiente de compreensão e empatia mútua.
Quais são os benefícios que os idosos podem obter com a prática regular de Yoga?
Hanik Torres - Os benefícios são diversos, mas a questão mais importante para os residentes em lar de idosos é a amplitude respiratória, que ajuda em alguns processos de cura interna.
Nas aulas de yoga, procuro que os idosos exercitem os músculos para que não fiquem “enferrujados”, algo que acontece naqueles que praticam uma vida mais sedentária. A lógica parte da seguinte premissa: quando os músculos se encontram mais flexíveis, a respiração adquire uma amplitude maior. Assim, compreende-se que a respiração, tal como a alimentação, se assume como o meio necessário para alcançar a energia vital do idoso.
O yoga também acarreta, ao idoso, benefícios a nível da sua postura corporal. Resgata a firmeza, mantém a coluna reta e não deixa o corpo “ao abandono”. A firmeza da coluna deixa a cavidade abdominal mais disponível, na qual se inserem vários órgãos internos e interfere, positivamente, no funcionamento do organismo. O yoga não induz dor aos idosos, induz uma sensação de relaxamento.
O Yoga traz benefícios para os idosos não apenas na postura e na mobilidade, mas também amplitude respiratória e na harmonia com o corpo, para a cura interna.
Atualmente, Hanik Torres dá aulas de yoga em dois lares de idosos na região de Lisboa e conta os segredos desta prática milenar indiana a dezenas de idosos, que beneficiam das benesses do yoga. A maior flexibilidade, a diminuição de problemas respiratórios e a redução do stress e da ansiedade, que muitas vezes acompanham o processo de envelhecimento, são apenas algumas das mais valias desta prática.
Para Hanik Torres, o yoga representa uma volta de 180 graus na sua vida. Para os residentes no lar de idosos representa bem-estar, conforto, harmonia e paz de espírito.