E se o idoso não puder cuidar do seu animal de estimação?

Por Joana Marques , 01 de Fevereiro de 2021 Idosos


​Muitos idosos têm animais de estimação, com os quais estabelecem laços afetivos muito fortes e benéficos. É uma relação especialmente positiva se o idoso morar sozinho, porque cuidar de um animal preenche o tempo, estimula a atividade física e social durante os passeios à rua e aumenta a auto-estima e a sensação de realização pessoal.

E se de repente o idoso não conseguir cuidar do seu animal de estimação? Esta é a pergunta à qual vamos responder ao longo deste artigo, dando soluções para quando de repente os mais velhos deixam de poder cuidar dos seus melhores amigos, em especial por motivos de saúde ou circunstâncias inesperadas.



Existem laços profundos entre idoso e o seu animal

 
Os indivíduos entre os 65 e 75 anos são os que estabelecem maiores vínculos de proximidade e afeição com os seus animais de estimação, que vêm colmatar os vazios deixados pela passagem à reforma e à perda de familiares e amigos.

Uma cadela na Turquia esperou 6 dias à porta de um hospital, enquanto o seu dono esteve internado, seguiu a ambulância e voltou ao hospital sempre que a levaram para casa.



Uma cadela na Turquia esperou 6 dias à porta de um hospital, enquanto o seu dono de 68 anos esteve internado. A cadelinha Boncuk seguiu a ambulância e voltou ao hospital sempre que a levaram para casa. Foi alimentada e cuidada por funcionários do hospital e estava à espera do dono no dia em que ele teve alta.

​Esta pequena história ilustra os laços profundos que se estabelecem entre idoso e animal, que pode ter um papel preponderante na qualidade de vida dos mais velhos. A par das questões emocionais, existem outros benefícios terapêuticos que justificam a importância desta relação.




Uma emergência de saúde pode deixar o animal sem cuidados


A história de Boncuk é uma exceção com um final feliz. Na maior parte dos casos, quando o idoso tem um problema de saúde que o obriga a ficar longe de casa durante dias ou semanas, a existência de um animal de estimação torna-se um «problema» que precisa de uma solução. 


Um animal sem cuidados é uma fonte de ansiedade e preocupação para o idoso hospitalizado, o que não ajuda à recuperação.



A solução mais fácil e menos dispendiosa é existirem familiares, vizinhos ou amigos que possam ficar com o animal até que o idoso volte para casa. No entanto, o ritmo de vida de filhos e netos (não esquecendo os desafios impostos pela pandemia) não é compatível com a adoção temporária de um animal; por outro lado, na sociedade atual os vizinhos são muitas vezes desconhecidos e longe vão os tempos em que a casa ao lado era garantia de amizade e amparo.


Existem diversas soluções para este problema, mas a escolha tem que ser feita consoante o tipo de animal de estimação.



Os companheiros mais comuns são os cães e os gatos, com os quais o idoso consegue estabelecer uma relação direta e bidirecional. No entanto, exigem um maior nível de cuidados, em especial os cães e as suas rotinas de ir à rua. Há idosos que preferem animais ambientais, como peixes, pássaros ou tartarugas, que exigem pouca manutenção.



A solução para peixes ou pássaros pode passar pela aquisição de dispensadores automáticos de comida e sistemas de tratamento de águas.



As opções automatizadas não são garantia de que o animal fica bem cuidado durante a ausência do idoso, não são adequadas a todos os tipos de animais e apenas asseguram que o animal sobreviva. No caso específico dos pássaros, será sempre necessário alguém que limpe periodicamente a gaiola e que faça alguma companhia. São opções totalmente inadequadas para cães, gatos ou mesmo coelhos. Para estes existem outras soluções.


​Serviços de Pet Sitter


Esta é a solução ideal para quem não quer deixar o seu animal num hotel ou abrigo e que prefere alguém que dedique tempo e carinho ao companheiro de quatro patas (ou mesmo sem patas). No entanto, é uma opção que o idoso pode considerar demasiado invasiva e arrojada, porque implica a deslocação do cuidador à casa onde o animal vive.


Ter um estranho em casa, sem referências, a tratar do animal de estimação pode ser um fator adicional de stress para o idoso.



Existem várias empresas de Pet Sitting de Norte a Sul do país, cujos colaboradores se deslocam à casa onde o animal vive e  que garantem tratar dele como se fossem os seus donos. Os serviços incluem alimentação, mudança de água, higienização do local e idas à rua, nunca descurando os estímulos afetivos e físicos. 


Existem serviços de Pet Sitting que incluem a rega de plantas, o arejamento da casa, o envio de fotografias e vídeos do animal, e até a recolha do correio.



​A grande vantagem do Pet Sitting reside no facto de o animal poder ficar no seu ambiente durante a ausência do idoso. Também existem particulares a anunciar os seus serviços por preços mais baixos. Se optar por esta solução certifique-se de que tem confiança suficiente em quem vai deixar as chaves da casa. É útil procurar recomendações junto de amigos ou mesmo comentários positivos na internet.

Os «Hotéis» não são todos iguais

 
A necessidade de deixar o animal de estimação durante as férias ou ausência temporária dos donos começou por ser suprida pelos «hotéis», nos quais os animais ficavam alojados em boxes. No entanto, nem todos os sítios cumpriam os requisitos mínimos de higiene e atenção dada aos animais: o conceito de hotel ganhou uma fama duvidosa, razão pela qual nos últimos anos têm surgido diversas «quintas» e alojamentos que apostam na qualidade do serviço.



Visite o sítio onde o animal vai ficar: é importante que tenha espaço para se movimentar e que não leve doenças ou parasitas para casa.



​São mais raros os hotéis que tomam conta de aves ou roedores (no caso de o idoso ter um coelho ou um hamster), mas existem. A maior parte destes espaços está vocacionado para cães ou gatos. Do mais barato ao mais caro, variam as condições de alojamento e o grau de personalização de cuidados. 

A escolha deve ter sempre em conta a personalidade e as necessidades do animal. Quanto mais familiares e pequenos forem as unidades, maior será a probabilidade de os animais se sentirem felizes e acompanhados durante o tempo que lá estiverem. 

O idoso, se possível, deve ter um papel ativo na decisão

 
Quem decide qual é a melhor solução? O ideal é que o idoso tenha um papel ativo na decisão, mas isso só é possível quando a ausência é programada (uma cirurgia, uma temporada de fisioterapia ou umas férias, porque não?). Quando o idoso é internado de emergência ou é ele próprio confrontado com uma emergência, as escolhas são mais reduzidas e ganha a solução mais rápida e eficaz. 


Converse antecipadamente com o idoso sobre as diversas soluções que existem, e cheguem a um consenso para caso exista uma emergência.



​O nosso conselho é que se converse com o idoso que tem um animal de estimação sobre as diversas soluções que existem. Dessa forma, em caso de emergência, a sua vontade pode ser sempre respeitada, porque foi previamente analisada. O mais importante é garantir que o animal de estimação fique em boas mãos, porque uma das maiores alegrias do idoso quando regressar a casa é ser saudado pelo seu melhor amigo e ver que ele foi bem tratado durante os dias em que estiveram afastados.

 

Aconselhamos a leitura do nosso artigo 9 em cada 10 idosos iria para um lar com o seu animal de estimação, no qual também abordamos as vantagens de optar por um lar que aceita animais domésticos se chegar a altura de o idoso ser institucionalizado.



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