E se a Demência bater à sua porta?
Por Ana Palma , 16 de Novembro de 2018 Demência
Temos vindo a falar recorrentemente acerca do envelhecimento enquanto estádio natural do devir humano. Como já aludimos, envelhecer acarreta inúmeros desafios e traz consigo vastas modificações no modo como o sujeito que envelhece encara a vida que, entretanto, se modificou. Neste artigo falaremos de um grande desafio que chega, em inúmeros casos, aliado à velhice: a demência.
Em concomitância com a demência chegam a perda de memória, a dificuldade em comunicar associada a um decréscimo ao nível do raciocínio e articulação ao nível da linguagem. Deste modo, a independência do idoso e a sua qualidade de vida ficam seriamente comprometidas já a demência se caracteriza por esta perda gradual ao nível cognitivo e mnésico e a capacidade para discernir com lógica sobre o real.
A Demência e a Doença de Alzheimer na pessoa idosa
Existe, dentro do espetro da demência, aquela que é, potencialmente, a patologia mais conhecida, o Alzheimer. Inicialmente, os sintomas da doença de Alzheimer estão muito associados à perda de memória que, com o avançar do tempo se vai adensando e entrecruzando com a desorientação ao nível do espaço-tempo. A linguagem e a capacidade de comunicar e, por isso, de manter relações e expressar emoções vai, também, sofrendo alterações visíveis. Esta situação propícia ao idoso um fechamento sobre si próprio.
A Demência na pessoa idosa e a perda de memória
A memória, a sua perda gradual, é um fator de grande dano na qualidade de vida de quem sofre a sua falta. Se no início a perda da memória se assemelha a um simples esquecimento, ela vai repetir-se numa cadência cada vez mais persistente e, numa fase mais avançada, o doente não estará apto a lembrar-se das pessoas com quem terá lidado numa base diária ou tido laços de afetividade mais estreitos. E, em muitos casos, não saberá reconhecer a sua própria imagem refletida num espelho.
A pessoa idosa que sofra da doença de Alzheimer encontra-se num progressivo estado de deterioração ao nível da sua função cognitiva, aumentando sistematicamente o seu grau de dependência já que a capacidade de desenvolver as suas rotinas diárias vai ficando progressivamente comprometida. Esta situação é sempre geradora de ansiedade que se traduz, por norma, numa reação agressiva por parte do doente. Para além disto, parece denotar-se que a depressão é mais comum nos idosos que padeçam de um declínio ou deterioração ao nível das suas funções cognitivas.
O Impacto da Demência nos Cuidadores Informais
Convirá referir que a demência na pessoa idosa é, também, uma situação extremamente penosa para a família do doente ou para os seus cuidadores informais. As famílias não estão, na maior parte das vezes, munidas de instrumentos que lhes permitam lidar com estas situações, que são, na sua essência, altamente complexas. Os familiares dos idosos que sofrem de demência devem ser, por este motivo, ajudados e orientados pelos profissionais de saúde já que os efeitos da demência são devastadores não só para os doentes como também para os seus cuidadores diretos ou familiares.
Basta relembrar que a perda gradual da memória por parte da pessoa idosa e o facto de esta deixar de ser capaz de reconhecer membros diretos da sua família, como sejam os filhos, netos ou esposo é algo que afeta de modo dantesco qualquer estrutura familiar.