[Covid-19] Ser idoso e estar infetado não é uma sentença de morte
Por Daniel Carvalho , 27 de Março de 2020 Idosos
Todos os dias vemos notícias relacionadas com utentes e funcionários de Lares de Idosos infetados com a Covid-19. As notícias que chegam de França, Espanha e Itália demonstram um cenário bem mais assustador que aquele que vivemos no nosso país. Por cá, o medo de atingir tal estado de calamidade é real e as instituições apertam o cerco às medidas, constantemente.
A falta de funcionários e de equipamentos é a principal preocupação de cada responsável, que veem os casos dos Lares a Norte com grande preocupação. No entanto, como palavras de ordem ainda se mantêm as de esperança.
Com a preocupação enorme em torno dos idosos do nosso país, tendencialmente acabamos por levantar mais reservas em relação à sua recuperação.
O facto de associarmos, desde o primeiro dia, a mortalidade da doença aos idosos criou uma perceção enganadora daquilo é o real e que os dados estatísticos nos mostram, relativamente a casos de infeção e, posterior, recuperação.
É inegável que os idosos são o grupo etário mais vulnerável à doença e aqueles a quem devemos alocar mais cuidados e preocupação, mas a verdade é que a grande maioria irá conseguir recuperar da doença e voltar ao seu estilo de vida habitual.
Em países como a Itália, o segundo país mais envelhecido do mundo, a maior parte das mortes ocorre numa combinação de pessoas com mais de 80 anos e com registo de alguma doença grave. Em situações de pessoas com idade bastante avançada e com algum tipo de problema respiratório, a doença torna-se letal, sendo este o principal alimento da taxa de mortalidade da Covid-19.
Esta taxa de mortalidade situada entre os 2 e os 3% é verificada pelo facto de idosos com doenças anteriores ao vírus serem bastante suscetíveis à doença, caso contrário as taxas de recuperação eram praticamente 100%. No entanto, isto não significa que ser idoso e estar infectado é uma sentença de morte.
Devemos olhar para esta doença como uma gripe severa, com caraterísticas muito próprias. É entre quatro e oito vezes mais forte do que a gripe a comum, no entanto, independentemente da idade da pessoa, a grande maioria irá permanecer saudável. Este é o tom otimista que devemos manter todos os dias, juntamente com o nível de cuidados necessários para fazer frente ao perigo de contágio.
Em países como a Itália, o segundo país mais envelhecido do mundo, a maior parte das mortes ocorre numa combinação de pessoas com mais de 80 anos e com registo de alguma doença grave. Em situações de pessoas com idade bastante avançada e com algum tipo de problema respiratório, a doença torna-se letal, sendo este o principal alimento da taxa de mortalidade da Covid-19.
Esta taxa de mortalidade situada entre os 2 e os 3% é verificada pelo facto de idosos com doenças anteriores ao vírus serem bastante suscetíveis à doença, caso contrário as taxas de recuperação eram praticamente 100%. No entanto, isto não significa que ser idoso e estar infectado é uma sentença de morte.
Devemos olhar para esta doença como uma gripe severa, com caraterísticas muito próprias. É entre quatro e oito vezes mais forte do que a gripe a comum, no entanto, independentemente da idade da pessoa, a grande maioria irá permanecer saudável. Este é o tom otimista que devemos manter todos os dias, juntamente com o nível de cuidados necessários para fazer frente ao perigo de contágio.
Idosa de 95 anos torna-se a mais velha da Europa a curar-se da doença
Há 3 dias, foi conhecida a idosa mais velha da Europa a recuperar, após estar infetada com o coronavírus. A mulher italiana de 95 anos é o caso de sucesso que ilumina a esperança de qualquer idoso.
Os médicos referiram uma recuperação praticamente milagrosa, após a mulher ter reagido muito bem aos efeitos da doença. A idosa conseguiu recuperar da infeção sem necessidade de medicamentos usados para combater infeções crónicas.
Sabe-se que a idosa já regressou ao lar de idosos onde habitava e é agora um exemplo de esperança para os seus companheiros.
Idoso chinês de 100 anos foi o primeiro caso a tornar-se mediático
Um homem de 100 anos teve recentemente alta de um hospital na China após ter recuperado de coronavírus. O homem foi infetado ainda no mês de fevereiro e recuperou totalmente da doença 2 semanas após ter dado entrada no hospital.
O centenário tinha problemas de saúde anteriores, incluindo a doença de Alzheimer, hipertensão e insuficiência cardíaca. Ainda que não possa nem deva servir de exemplo generalizado, esta é uma situação que ilustra bem o facto de todas as possibilidades de recuperação estarem em aberto, independentemente da idade ou da quantidade de doenças. Não existe nenhuma situação de infeção em que a morte possa ser dada automaticamente como garantida.
Casos positivos de Covid-19 por faixa etária em Portugal
(fonte: Plataforma oficial do Governo para divulgação dos números relativos à doença Covid-19)
O registo de casos positivos em Portugal à data de 26 de março demonstra uma realidade com que, se calhar, muitos não confrontamos.
Contra todas as teorias de senso comum relativamente aos casos positivos: a faixa etária entre os 0-50 anos regista mais casos em comparação com a faixa etária das pessoas com idade superior a 50 anos.
A juntar a esta realidade, podemos ainda verificar que as pessoas entre os 30 e os 60 anos representam a grande maioria dos casos positivos da Covid-19.
Com isto pretendemos demonstrar que, apesar de os idosos representarem o grupo etário mais frágil em termos de mortalidade, isso não implica que os associemos à faixa etária onde os casos se registem em maior número. Não é verdade, tal como vemos na imagem.
Esta não é a doença dos idosos
A mensagem que pretendemos transmitir é que esta não é uma doença destinada somente aos idosos e que é neles que devemos focar toda a nossa atenção. São o grupo que apresenta maior fragilidade, mas não os devemos condenar ao isolamento mais do que a qualquer outra pessoa.
Existem inúmeros casos pelo mundo fora que ilustram a possibilidade muito grande de recuperação dos idosos, como nos dois exemplos anteriores. Em Portugal ainda não existe informação sobre as 43 pessoas que recuperaram e, por esse motivo, não conseguimos fazer uma análise à escala nacional.
Por fim: não deixem passar a mensagem de que esta doença é dos idosos. Colocar a idade como fator principal em algumas das notícias que vemos, sem qualquer fundamento estatístico, não é uma prática responsável. Os idosos não são culpados de nada, muito menos servem para aliviar o medo ou a consciência dos mais novos.
O perigo de contágio afeta pessoas de todas as idades, independentemente do género, ideologia política, motivações pessoais, etc. Esta luta é de todos.