[Covid-19] Repensar a arquitetura dos lares de idosos

Por Joana Marques , 15 de Setembro de 2020 Lares e Residências

A pandemia deu origem a novas formas de pensar em todas as áreas das nossas vidas e há casos em que o impacto é positivo, como o da arquitetura geriátrica. Aliás, a conceção dos espaços de cuidados de saúde e lazer para seniores já está a ser influenciada pelas exigências destes novos tempos.



Uma consequência positiva da Covid-19 é a valorização do espaço, crucial para distanciamento social: ajuda a prevenir e mitigar a propagação da doença.



Os padrões arquitetónicos tradicionais ainda estão muito presentes em grande parte dos espaços disponíveis, privilegiando-se alas que concentram até 40 utentes e quartos concebidos para ter mais que uma cama. No entanto, atualmente, já existem bastantes exemplos nacionais de lares que rompem com o padrão e é provável que a pandemia venha a acelerar a modernização da arquitetura e design destas instituições.


Fique a par das últimas tendências na área da arquitetura geriátrica, cujos princípios se têm vindo a adaptar às exigências da era pós-Covid. Se há uma consequência positiva a retirar desta pandemia é uma nova consciência de que a arquitetura deve ser um agente ativo no que se refere à implementação dos protocolos de controlo de infeções. 



A arquitetura geriátrica pode promover o envelhecimento ativo


Hoje em dia, vigora o paradigma de intervenção envelhecimento ativo, que consiste num processo de otimização de oportunidades para os mais velhos, especialmente no que se refere ao bem-estar físico, saúde, direito à participação e à segurança. 



A arquitetura influencia o bem-estar e pode contribuir para o prolongamento da qualidade de vida do idoso.



Nem todos os projetos de desenho e construção de lares para idosos têm subjacente as boas práticas da arquitetura geriátrica, que assentam numa perspetiva positiva da arquitetura. Desse modo, podemos dizer que a boa arquitetura geriátrica é aquela que complementa as necessidades dos idosos e promove a sensação de bem-estar a partir da conceção dos espaços e ambientes. 



O objetivo da arquitetura geriátrica é criar ambientes acolhedores e humanizados e fazer com que idosos e colaboradores se sintam confortáveis, torna o lar uma segunda casa.



Numa época em que a tecnologia passou a ter uma nova dimensão na vida dos idosos, é expectável que seja nesta área que se vejam as alterações mais profundas na forma de construir lares e residências para idosos. 


É no universo tecnológico que existe maior margem para dar um maior sentido ao bem-estar dos mais velhos. Especialmente através da otimização da luz natural e artificial, do ruído, dos sistemas de ventilação, de aquecimento e arrefecimento e das infraestruturas que potenciam a socialização virtual, tão importante durante as fases de confinamento.



Construir para o pior cenário


Por vezes, os lares para idosos ainda são erradamente percecionados como locais sinistros, estéreis e desprovidos de esperança, ou seja, depósitos para velhos. Esta realidade ainda existe, e disso são exemplo os inúmeros lares ilegais ou os lares que se transformaram em “centros de morte”, nalguns países europeus, durante a pior fase da Covid-19.



As dificuldades na prevenção dos surtos de Covid-19 nos lares para idosos são também consequência da forma como as estruturas foram concebidas.



Edifícios antigos adaptados e que não foram construídos de raíz, quartos atravancados com mobiliário para dois ou mais idosos, corredores estreitos e sistemas datados que obrigam os funcionários a estar em contato constante com as superfícies são alguns dos exemplos que podem (e devem) ser repensados. 



O ideal é que se construam pequenos aglomerados autónomos para um máximo de 12 utentes, que podem ser facilmente isolados sem comprometer a integridade de toda a instituição.



Os lares do futuro devem, pois, ser projetados para o pior dos cenários numa pandemia, pois assim estarão muito melhor preparados para fazer face a surtos infeciosos menos agressivos, como a gripe sazonal. A tendência para se construírem vários aglomerados, com quartos individuais e pequenas salas de apoio (sala de estar, sala de jantar e enfermaria), é já uma influência da Covid-19. 



A palavra-chave pós-Covid é flexibilidade. Os lares devem ser projetados para se adaptarem com rapidez e eficácia ao modo crise, de quando surgem casos de infeção.



A pandemia veio colocar a tónica na importância da construção de espaços mais amplos, com fácil acesso ao exterior, e que concentrem um número reduzido de utentes, pois é o que permite limitar com mais eficácia a transmissão dos vírus e a prestação de cuidados de saúde mais direcionados. 



Lares de idosos devem seguir recomendações


Os especialistas sugerem que os lares sejam repensados e construídos tendo em consideração algumas especificações. Os lares devem privilegiar os quartos individuais, ao estilo suite, com casa de banho privativa e com um único ponto de entrada, para que não seja possível passar de um quarto para o outro sem a devida higienização e troca de materiais. É recomendada a utilização do maior número possível de materiais orgânicos, naturais e não tóxicos, especialmente no que se refere a revestimentos, soalhos e tintas.


Sempre que houver terreno disponível, os lares devem optar por grandes espaços verdes, horta e uma área para atividades lúdicas ao ar livre.



Deve ser consoderado um investimento em procedimentos de desinfeção, em particular a utilização de tecnologia ultravioleta, que pode ser incorporada nas fontes de iluminação e nos sistemas de filtragem de ar. Portas, torneiras, dispensadores de sabão e desinfetante e toalhas devem funcionar através de sensores de movimento, bem como elevadores, janelas e iluminação ativados por voz.


Os corredores são dos espaços por onde idosos e funcionários mais passam, portanto precisam de ser espaçosos e ter algumas atenções.




Os corredores devem ser espaçosos, com uma largura de pelo menos 2,5 metros, para que todos consigam passar confortavelmente uns pelos outros. Deve ainda haver espaços de fuga ao longo dos corredores para que se possa aumentar a distância física entre pessoas, caso seja necessário.


O futuro já chegou a alguns lares portugueses


A arquitetura geriátrica já existia antes da pandemia e existem bons exemplos no nosso país onde foram postos em prática bons princípios desta área específica para a projecção de lares de idosos.



A Covid-19 acelerou a transição para um conceito que já estava a ser implementado em alguns lares mais recentes: promovem exclusividade, respeito pela privacidade e segurança da coabitação. 



Enumeramos alguns ótimos exemplos do que já se faz no nosso país. Para mais informações, clique na ligação e será redirecionado para a respetiva página da nossa plataforma Lares Online:


Fátima Spa Club (2012), situado em Fátima, Santarém;

Bynd Senior Residence Libervita (2018), situada em Alcabideche, Cascais;

Domus Aurea - Residência Sénior (2016), situada em Algueirão-Mem Martins, Sintra, Lisboa;

- Lar Recanto do Arrabal - Residência Sénior (2019), situada em Arrabal, Leiria.

    Qualquer uma destas residências assistidas permite ao idoso institucionalizado manter algum do estilo de vida anterior, num ambiente exclusivo e seguro, que garante as necessidades de saúde e segurança numa atmosfera de residência doméstica.



    A pandemia ensinou-nos que os lares precisam de ser resilientes, preparadas para o pior e flexíveis.



    Lares e residências para idosos são locais de vida e de morte, de doença e de cura, de sofrimento e de alegria, de privacidade e de conforto. Quanto mais se assemelham a ambientes domésticos, maiores são as garantias de que o idoso pode exercer o seu direito de envelhecer ativamente e com dignidade.

    Se aliarmos a estes espaços todas as mudanças que a pandemia veio trazer no que se refere à conceção e design deste tipo de estruturas, aumentam as probabilidades de se ser bem sucedido no combate às pandemias e epidemias. 


    Para encontrar um lar adequado

    basta submeter um pedido ou ligar 939 667 800.

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