[Covid-19] Lições da pandemia para cuidadores em lar de idosos

Por Joana Marques , 11 de Janeiro de 2021 Profissionais


Quando o primeiro caso de Covid-19 surgiu em território português, nenhum setor da sociedade estava preparado para se adaptar de imediato às novas regras e recomendações para travar a disseminação do vírus. De um dia para o outro, tudo mudou, especialmente muito do que nos sustenta e define, como os afetos e a forma como nos relacionamos com os outros.



Nos lares de idosos e para os cuidadores, foi urgente encontrar formas de proteger uma população de risco, já de si fragilizada por outras doenças e limitações.



Passadas a primeira e segunda vagas, que lições a pandemia ensinou aos cuidadores de idosos em contexto institucional? Estamos mais preparados para reagir a um novo surto de forma mais eficaz? Numa altura em que já se iniciou o processo de vacinação, mas em que já se assiste a uma terceira vaga no início de 2021, é tempo de refletir sobre os ensinamentos da Covid-19 para o mercado dos equipamentos para a terceira idade.



1ª Lição → Máscaras salvam vidas


Atualmente, já não se debate a eficácia das máscaras de proteção no que se refere à prevenção do contágio. No entanto, nem sempre foi assim, e durante meses discutiu-se a utilidade do uso generalizado deste equipamento de proteção pessoal.



Atualmente, os cuidadores não equacionam trabalhar sem máscara nem, se possível, roupa de isolamento. A proteção é a chave quando se lida com idosos.



Sabe-se hoje que o distanciamento social também é uma medida preventiva muito eficaz. Mesmo que seja possível manter a distância aconselhada de pelo menos dois metros, aprendeu-se que é mais prudente se os idosos utilizarem máscara durante os momentos de convívio, de animação sociocultural ou durante as visitas.



2ª Lição → Medidas de segurança são para seguir


​O equipamento individual de proteção é uma medida que deve ser conciliada com outras que já entraram na rotina deste «novo normal»: a lavagem frequente das mãos pelo menos durante 20 segundos, a etiqueta respiratória (espirrar ou tossir para o cotovelo) e a prática do distanciamento físico.

Os lares têm os seus próprios manuais de sobrevivência e os surtos podem ser prevenidos se as regras forem respeitadas. O trabalho num lar de idosos é dinâmico, mas em tempos de pandemia os cuidadores precisam de estar sempre alerta e ter capacidade de adaptação para executar sequencialmente as suas tarefas num ritmo de trabalho sempre muito elevado.


Uma das lições desta pandemia é que a informação crucial deve estar bem visível e espalhada pelas várias divisões do lar. Os circuitos dos limpos e sujos devem estar bem definidos para diminuir o risco de contaminações.



Como informação é poder, cedo se percebeu que, quanto mais simplificada e direta for a informação, maior é a eficácia do desempenho dos funcionários. A pandemia ensinou aos lares que não há informação redundante ou em excesso: aconselha-se a afixação de cartazes com os sintomas mais frequentes, com os procedimentos a seguir em caso de suspeita e lembretes frequentes para a importância da utilização da máscara e da lavagem frequente das mãos.



3ª Lição → Higienização de espaços é crucial


A pandemia obrigou os lares a desenvolver rígidos protocolos de higienização de espaços e pessoas, inspirados nas orientações da DGS. Os cuidadores têm diretrizes muito específicas para se proteger e desinfetar, protegendo assim os idosos que apoiam. A higienização dos espaços deve ser feita de forma rigorosa e frequente, pelo que não haverá local mais seguro para os idosos que um lar que siga as recomendações da DGS.


Nos lares, o combate à Covid-19 também se faz através da limpeza e desinfeção frequente de espaços e superfícies.



Quando ocorram casos confirmados de Covid-19, a limpeza e desinfeção do lar devem ser asseguradas por uma empresa técnico-profissional especializada. Ao adotarem de forma consistente as normas de limpeza e higienização, os lares são efetivamente lugares mais seguros para os idosos. Ao longo dos últimos meses, estas tarefas entraram na rotina do dia-a-dia dos lares, aumentando assim a confiança de utentes, familiares e funcionários na capacidade de se evitarem infeções por Covid-19 ou o aparecimento de surtos.



4ª Lição → Cuidadores têm de saber comunicar



Numa crise pandémica, a comunicação é essencial e tem que ser feita de forma a envolver todas as pessoas e a transmitir informação pertinente e correta. O início da pandemia foi marcado por medos e incertezas. No entanto, à medida que se foi sabendo mais sobre a forma de lidar com a Covid-19, as dúvidas deram lugar a algumas certezas.


Num lar, a comunicação é feita das chefias com os colaboradores, e dos colaboradores com os idosos. Esta última tornou-se especialmente importante durante a pandemia.


Aprendeu-se que, quanto mais informadas e atualizadas estão as equipas, maior é a capacidade de executar todas as tarefas necessárias de forma eficaz e de passar a informação entre turnos. A comunicação com os idosos deve ter como objetivo diminuir os níveis de ansiedade e filtrar a informação verdadeira e desmistificar notícias falsas.

Além disso, o distanciamento físico e a diminuição (ou mesmo suspensão) das visitas de amigos e familiares incentivou os cuidadores a apostar ainda mais numa comunicação afetuosa com os idosos. O objetivo é que se quebre a solidão que eles sentem e responder às suas necessidades emocionais e sociais.

5ª Lição → Atenção personalizada ajuda os idosos


Nem todos os lares se podem dar ao luxo de se focar em cada cliente como se ele fosse único, sobretudo durante uma crise pandémica em que todos os recursos humanos são preciosos e normalmente escassos. Mas os riscos da situação pandémica não são somente físicos e tem havido muita reflexão entre a comunidade científica e dentro da própria comunidade dos lares sobre o impacto a nível emocional do isolamento social.



Esta pandemia ensinou-nos a reforçar os afetos dos idosos institucionalizados e a minimizar os efeitos do isolamento social.



Esta não foi uma nova aprendizagem, porque sempre se soube que os idosos são mais propensos a sentimentos de solidão, tristeza e descrença. No entanto, é certo que os cuidadores estão mais atentos aos sinais de ansiedade e instabilidade emocional, tendendo a ser mais pacientes e amorosos com os idosos que demonstram ter mais dificuldades em dominar as suas emoções.


6ª Lição → Cuidadores também precisam de cuidados


A Covid-19 trouxe desafios adicionais aos profissionais dos lares, que não podem trabalhar até ao limite das suas forças físicas e emocionais, sob pena de precisarem de cuidados e de se afastarem das suas atividades por exaustão. É essencial manter os funcionários que já estão rotinados nas tarefas implementadas para prevenir a Covid-19 e que já conhecem os idosos.


Numa pandemia, quem cuida e quem recebe cuidados está emocionalmente ferido e sente-se igualmente vulnerável.



O stress e a síndrome de burnout são comuns neste tipo de profissões, mas durante uma crise de saúde pública é essencial que estes profissionais se sintam acompanhados. A pandemia ensinou que os grupos de apoio (entre equipas no dia-a-dia ou via grupos Whatsapp) têm a capacidade de minimizar os efeitos do trabalho em excesso. Ter uma rede de suporte que permite a troca de ideias ou simples desabafos é uma forma de o cuidador se sentir acompanhado nesta longa caminhada que é o combate à Covid-19.


Será que estas lições vão ser valorizadas quando a pandemia passar?



Estamos em crer que sim, já que há coisas que vieram para ficar: a aposta cada vez mais certeira nos cuidados personalizados e nos afetos; a frequente higienização de pessoas e espaços; e a utilização de máscara durante os períodos do ano em que mais se manifestam as infeções respiratórias.

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