9 em cada 10 idosos iria para um lar com o seu animal de estimação

Por Susana Pedro , 25 de Junho de 2019 Idosos


No Lares Online, constatamos há muito que a maioria dos lares não recebe pessoas idosas com animais de estimação. Sendo verdade que a vivência de um animal numa estrutura de residência sénior traz consigo um acréscimo de trabalho e responsabilidade, a presença de um animal constitui uma fonte inesgotável de amor e carinho para os seus residentes. Ao ser vedada a entrada a estes maravilhosos seres em lares de idosos, não facilitamos a entrada de pessoas mais autónomas, que desejariam viver na companhia de outras pessoas, sem prescindir dos seus queridos e fiéis amigos.
 
Para demonstrar esta realidade em números, resolvemos elaborar um inquérito com uma pergunta muito simples. Depois disto, houve uma pequena caracterização dos inquiridos, com alguns dados mais específicos.

Resultados do inquérito

 
A integração de um idoso numa residência sénior é uma mudança que na maior parte dos casos é vivida com alguma tristeza e um certo sentimento de perda. Acresce o facto de que muitas vezes o idoso é ainda obrigado a experienciar o doloroso processo de separação do seu animal de estimação, o que torna toda a situação mais difícil. 
 
O inquérito que foi feito procurou perceber se a recetividade dos idosos em ir para uma residência sénior aumentaria caso pudessem levar consigo os seus animais de estimação. 

94% iria para um lar de idosos se pudesse levar o seu animal de estimação

94% iria para um lar de idosos se pudesse levar o seu animal de estimação
Como podemos observar, apenas uma percentagem muito pequena de 6,2% diz que nunca iria viver para um lar, mesmo que fosse autorizada a levar o seu animal de estimação. Desde o início da sondagem, que durou sensivelmente duas semanas, que este valor nunca foi superior a 7%.

Este resultado contrasta com os quase 94% que responderam que, perante um contexto de solidão, iriam para um lar se pudessem levar o seu animal de estimação. Podemos concluir com este estudo que a disposição dos idosos para deixar as suas casas e integrarem uma residência sénior seria muito maior se, de facto, se fizessem acompanhar dos seus amigos mais fiéis.

Caracterização da resposta


17.9% tem mais de 65 anos

17.9% tem mais de 65 anosDas 791 pessoas que responderam a este inquérito, a grande percentagem, 82,9%, tem menos de 65 anos. Uma parcela de 14,2% tem entre 65 anos e 75 anos e apenas uma percentagem mínima tem mais de 75 anos. Podemos aferir, através destes resultados, que o maior universo de respostas vem de pessoas que ainda não são consideradas idosos, o que faz algum sentido uma vez que o inquérito foi lançado na internet e o nível de iliteracia nas tecnologias de informação entre a população idoso tem atinge níveis muito altos.

99% tem ou teve um animal de estimação

99% tem ou teve um animal de estimação
​Grande parte das pessoas que responderam ao inquérito, mais precisamente 86%, tem um animal de estimação, 13,1% já teve e uma percentagem muito pequena nunca teve nenhum animal doméstico. O inquérito foi maioritariamente respondido por pessoas que têm animais de estimação, e que por isso se interessam por esta temática.

Quase 93% dos inquiridos tem cães ou gatos

 Quase 93% dos inquiridos tem cães ou gatos
A ver por este inquérito, quando se fala em animais domésticos o cão continua a dominar, seguido pelo gato. Só depois vêm os outros animais que integram a categoria de animais domésticos. Faz ainda sentido dizer que o cão é o melhor amigo do homem!

Comentários sobre o inquérito no Facebook

Este inquérito foi publicado na página do Facebook do Lares Online. Até agora, a publicação originou cerca de 100 comentários, 99 deles a apoiar a entrada de idosos nos lares acompanhados pelos seus animais de estimação, caso seja esta a sua vontade. Verificámos apenas 1 comentário contra esta medida. Este vem de uma senhora que argumenta existirem idosos em lares que não gostam de animais, porque têm medo ou por outras razões, e que não devem ser obrigados à sua presença.

Apesar de 99% dos comentários serem a favor desta medida, apercebemo-nos da existência de algumas dúvidas e receios a este respeito. Em vários comentários, surge o ponto de interrogação «será que os lares de idosos, que muitas vezes carecem de falta de pessoal para cuidar dos residentes, estarão preparados para receber os seus animais de estimação?». Outra dúvida prende-se com quem ficaria com a responsabilidade sobre o animal de estimação, em caso de morte do idoso residente.

O enquadramento legal

Em Portugal, não existe enquadramento legal para o acolhimento de animais domésticos em lares de idosos na companhia dos seus donos. A lei é também omissa no que respeita às residências sénior poderem ou não ter animais domésticos a conviver diariamente com os residentes. Da mesma forma, as terapias assistidas com animais não estão ainda regulamentadas por lei. 

Vantagens: animais domésticos nos lares de idosos

Nos últimos anos, vários estudos demostraram os benefícios da presença de animais domésticos em residências sénior. A qualidade de vida da comunidade e do idoso em particular é aumentada. Saiba as razões:

  • Interação – Os animais de estimação facilitam o contacto social entre os idosos residentes. A presença dos mesmos é também facilitadora na relação entre equipa e residentes;
  • Atrair atenção – Os movimentos, as demonstrações de afeto e as brincadeiras dos animais domésticos despertam e prendem a atenção dos idosos, que não raras as vezes andam perdidos a pensar no passado;
  • Contacto – Os idosos sentem, muitas vezes, a falta de um contacto carinhoso. Os animais domésticos proporcionam essa interação terna que se estabelece através de carinhos, toques e abraços. A neurociência já comprovou que o contacto físico carinhoso ajuda a reduzir o stress e aumenta a saúde no geral;
  • Estimulação mental – Um animal doméstico atrai a atenção dos idosos e permite uma estimulação mental através dos sentidos (visão, tato, olfato e audição);
  • Risos – Os animais domésticos fazem coisas divertidas e estranhas, o que provoca risos e gargalhadas na audiência, neste caso nos idosos. A ciência também já demonstrou as vantagens da terapia do riso;
  • Afeto incondicional – Os animais de estimação dão afeto a quem com eles convive, independentemente da idade, condição socioeconómica, saúde mental ou personalidade da pessoa.



No estrangeiro: animais domésticos em lares de idosos

Ao contrário de Portugal, alguns países, nomeadamente os Estados Unidos da América, a Espanha, a Grécia, a França, a Noruega e a Suíça, possuem legislação no que respeita à entrada e permanência de animais domésticos, na companhia dos seus donos, em lares de idosos.

No entanto, e pegando no exemplo francês, mesmo existindo enquadramento legal, os lares de idosos não são obrigados a aceitarem os animais de estimação dos seus residentes. Como podemos ler no site francês Heureux En Retraite: “[tradução] Hoje, muitos lares de idosos não hesitam em receber novos residentes: cães, gatos, roedores ou até mesmo pássaros. Antes proibidos por razões sanitárias, os animais de estimação estão cada vez mais presentes nesses estabelecimentos, que estão cientes dos benefícios que aqueles trazem para seus residentes. E mesmo que a Anesm (agência nacional [francesa]de avaliação e qualidade das instituições e serviços sociais e médico-sociais) assegure que "a medicalização dos estabelecimentos e o respeito pelos padrões de higiene possam limitar ou mesmo proibir a presença de animais nos regulamentos internos ", nenhuma legislação proíbe atualmente a sua presença”.


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