4 Dicas para melhorar a saúde mental dos idosos
Por Joana Marques , 22 de Março de 2021 Idosos
A expressão «mente sã, corpo são», do poeta latino Juvenal, nunca perdeu a sua atualidade, embora tenha sido escrita há quase dois mil anos. Hoje em dia, sabe-se que um ser humano saudável, independentemente da fase da vida em que se encontra, é aquele que está num estado de bem-estar físico, mental e social. No entanto, nem sempre é possível ou fácil manter este equilíbrio.
A saúde mental é um tema que preocupa todos os que lidam com os idosos, com frequentes perturbações do humor que comprometem a sua qualidade de vida.
Atualmente, é impossível falar da saúde mental dos idosos sem ter em consideração o impacto da pandemia de Covid-19, que foi disruptiva a todos os níveis. Já há décadas que se estuda o impacto negativo que o isolamento e a solidão têm na saúde dos mais velhos. A depressão já era uma das doenças psiquiátricas mais comuns entre os idosos, e as restrições sociais impostas pelo combate ao novo coronavírus vieram agravar a estabilidade da sua saúde mental.
Uma saúde mental frágil é um fator de risco para os processos demenciais e tem uma influência negativa na evolução dos estados clínicos crónicos ou agudos.
Neste artigo, explicamos-lhe quais são os sinais de alerta que não deve ignorar e damos-lhe dicas que contribuem para melhorar e preservar a saúde mental dos idosos, especialmente em tempos dominados pelo confinamento e distanciamento social.
A importância de uma boa saúde mental
A saúde mental do idoso deve ser vigiada e preservada e suscitar o mesmo nível de preocupação que suscitam as outras enfermidades físicas e com sintomas mais evidentes. Sabe porquê? Porque são inúmeras as doenças que têm causas emocionais ou que podem piorar devido a problemas mentais. A este processo dá-se o nome de somatização, que ocorre quando o estado emocional e psíquico gera reações físicas no organismo.
Existem uma série de doenças que surgem devido a elevados níveis de ansiedade e que são muito comuns em pessoas de idade mais avançada.
A expressão «mente sã, corpo são» traduz o que é hoje uma evidência para a medicina: o corpo físico é um reflexo das emoções e dos pensamentos, pois o organismo encontra sempre forma de sinalizar os problemas. É perfeitamente possível que o estado de saúde do seu familiar idoso piore se ele estiver mentalmente perturbado, de que é exemplo:
- enfraquecimento do sistema imunitário;
- dores no corpo (costas, ombro, pescoço);
- dores de cabeça;
- formigueiro (braços ou pernas);
- insónia;
- problemas cardíacos ou respiratórios (asma, bronquite);
- dermatites;
- perturbações no sistema digestivo (diarreia, refluxo, azia).
Esta lista inclui uma série de problemas de saúde muito comuns entre os mais velhos, que também podem ter origem ambiental ou genética. É preciso que esteja atento, porque existem muitas depressões na terceira idade por diagnosticar, pelo que qualquer alteração deve ser reportada ao médico de família.
Esteja atento a estes sinais no idoso
Desse modo, é importante saber quais são os sinais a que deve estar atento se o seu familiar idoso apresentar algum destes problemas em conjugação com a observação de sinais que indicam uma anormalidade ou alteração emocional:- aparecimento de sentimentos de tristeza, angústia e ansiedade;
- apatia e perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas;
- cansaço, fadiga e falta de energia;
- irritabilidade / aumento de queixas sem motivo;
- alterações de sono;
- alterações de apetite (perda ou ganho de peso);
- dificuldades de concentração, memória e raciocínio;
- crises de choro;
- diminuição da autoestima e negligência dos cuidados pessoais ;
- mau humor e atitudes desagradáveis ;
- vontade de permanecer na cama depois do acordar.
Estes sinais alertam o familiar ou o cuidador para a existência de uma perturbação da saúde mental, que por vezes é erradamente confundida com demência, mas que pode indicar o início de uma depressão ou de outra afecção do foro mental. Esteja atento aos sinais, porque uma das melhores formas de melhorar a saúde mental do idoso é agir preventivamente antes que o problema se torne crónico ou de tratamento mais prolongado.
Dicas para melhorar a saúde mental do idoso
O confinamento e o distanciamento social têm contribuído para o agravamento da saúde mental dos idosos, que são impedidos de beijar e abraçar aqueles que mais amam.
Neste contexto, é mais importante do que nunca proteger a saúde mental do seu familiar idoso e ajudá-lo a manter uma série de rotinas saudáveis que vão contribuir para que ele se sinta mentalmente mais forte e mais apto a lutar contra as adversidades do dia-a-dia.
1 - Comida saudável, mas apetitosa
Adapte os pratos favoritos do idoso, aqueles que lhe trazem boas memórias, para que as refeições sejam também momentos de prazer.
É muito importante que o seu familiar idoso sinta prazer quando come. Uma boa alimentação pode ajudar na recuperação de transtornos mentais, como a ansiedade excessiva e a depressão, mas não substitui a consulta de profissionais especializados. Sobre este tema, aconselhamos a leitura do nosso artigo sobre a forma como a alimentação ajuda a combater a Covid-19!
2 - Um exercício por dia, nem sabe o bem que lhe fazia
Não deixe que o idoso use o envelhecimento como uma desculpa para cultivar um estilo de vida sedentário e pouco ativo. Incentive-o a incluir o exercício físico diário e regular na rotina, porque se sabe hoje que as consequências do envelhecimento não são tão marcadas nos idosos fisicamente mais ativos.
O objetivo não é que o seu familiar idoso treine para a maratona, mas sim que se exercite de forma a reforçar a sua autonomia no desempenho das tarefas diárias.
O exercício sistemático, adaptado e planeado ajuda a prevenir doenças crónicas, inclusivamente a depressão, e permite aos mais idosos desempenharem pequenas tarefas do quotidiano que contribuem para um bem-estar generalizado e para o aumento da autoestima.
3 - Em busca de um sentido para a vida
Ao longo da vida é o propósito que nos impele a perseguir os nossos sonhos e a concretizar os nossos objetivos. Isso não muda com o envelhecimento, embora os mais velhos tenham tendência para se apegar à crença de que as suas vidas já não têm muito sentido e que são inúteis porque já não pertencem à parte ativa da população.
O pós-reforma é uma oportunidade para novos começos. Incentive o idoso a abraçar novos projetos e ocupar os tempos livres com atividades prazerosas.
É inegável que a pandemia veio limitar as atividades em que os mais velhos se podem envolver. Desaconselham-se saídas ao exterior não essenciais e a convivência com outras pessoas. No entanto, os impedimentos são passageiros e de futuro os idosos vão poder retomar as suas ocupações: passear, ir ao café, ao cinema ou ao teatro com os amigos, fazer voluntariado e ajudar os netos. Estes são apenas alguns exemplos de atividades que conferem bem-estar psicológico e que contribuem para a felicidade do idoso.
4 - Manter a ligação com o mundo «lá fora»
Enquanto as coisas não voltam ao normal, é importante que o idoso se sinta conectado ao mundo exterior. O seu familiar idoso é daqueles que ainda não se converteram às novas tecnologias? Ensine-o a entrar nesse admirável mundo novo que é a Internet com as suas possibilidades ilimitadas.
Modernize o quotidiano do idoso! Incite-o a explorar o mundo online e mostre-lhe como a tecnologia pode fazer com que ele se sinta menos sozinho e inútil.
Sem sair de casa, virtualmente (quase) tudo é possível: fazer uma refeição com familiares e amigos através de uma videochamada, fazer «aquele» curso tantas vezes adiado, ver uma exposição, assistir a um concerto ou viajar pelo mundo. A Internet disponibiliza uma infinidade de coisas para fazer e incontáveis possibilidades de socialização, que vão ajudar a manter a mente do seu familiar idoso saudável, ativa e bem disposta!
Procure ajuda médica, se for necessário
As sugestões do Lares Online não substituem a procura por ajuda médica especializada, caso note que o idoso está infeliz ou em sofrimento porque se sente sozinho, inútil, ou angustiado. O primeiro passo é marcar uma consulta para o médico de família, que conhece o histórico do seu familiar idoso e que faz a ponte para outras especialidades que lidam diretamente com a saúde mental.