AVC: A ameaça silenciosa à vida dos idosos

Por Madalena Silva , 02 de Agosto de 2024 Idosos


​O  Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte em Portugal. Todos os dias, cerca de vinte pessoas são transportadas pelo INEM com suspeitas de AVC, uma condição que apresenta uma taxa de mortalidade de cerca de 25%. Contudo, mesmo aqueles que sobrevivem enfrentam uma longa recuperação, dado que as consequências podem incluir a perda da fala, a perda de movimentos ou a possibilidade de a pessoa ficar em estado vegetativo.

Mas, quais são os sintomas de AVC e que consequências tem para a população idosa? Como se pode prevenir ou, pelo menos, limitar a possibilidade de um episódio de AVC no idoso? 



Mas, afinal de contas, o que é o AVC?


​O Acidente Vascular Cerebral (AVC) assume-se como uma condição muito grave, resultante de uma descida abrupta do fluxo sanguíneo que irriga o cérebro. 

A Organização Mundial da Saúde define o AVC como “um rápido desenvolvimento de sinais clínicos de perturbação focal (ou global) da função cerebral, com sintomas com duração de 24 horas ou mais, sem causa aparente, que não seja de origem vascular, que podem levar à morte”. As estatísticas revelam que um em cada três pacientes que sofre de um AVC, falece. 

Apesar disso, existem dois tipos de AVC:

  • Hemorrágico: É o tipo de AVC mais grave, provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro que, por sua vez, provoca uma hemorragia interna no cérebro;

  • Isquémico: É o  AVC causado pelo entupimento ou obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, que impede a passagem de sangue para os neurónios. Este tipo de AVC apresenta uma menor taxa de mortalidade.


Porque é que o AVC afeta mais os idosos?


O AVC é mais frequente na população idosa e estima-se que o primeiro episódio de AVC ocorra por volta dos 73 anos. Calcula-se que a cada década acima dos 55 anos, a probabilidade de incidência de AVC, duplique e, por isso, é algo inesperado e que pode ocorrer a qualquer idade. A população mais jovem pode sofrer de AVC, mas é menos frequente do que nos idosos, uma vez que os mesmos podem ter acumulado, ao longo da sua vida, hábitos não saudáveis que representam riscos para as suas vidas.


AVC: Fatores de risco possíveis de controlar:

  • Hipertensão arterial;
  • Sedentarismo;
  • Colesterol elevado;
  • Aumento do nível de triglicerídeos;
  • Arritmia cardíaca;
  • Obesidade;
  • Diabetes;
  • Alimentação desequilibrada;
  • Tabagismo;
  • Ingestão de álcool em excesso;


AVC: Fatores de risco não controláveis:

  • Idade: A probabilidade de acontecer um episódio de AVC aumenta com a idade;
  • Histórico familiar;
  • Género: O AVC é mais comum nas mulheres;
  • Já ter tido um AVC, acidente isquémico transitório (AIT) ou ataque cardíaco.


Quais são os principais sintomas do AVC no idoso?


Compreender e saber reconhecer, atempadamente, os sintomas de um episódio de AVC é fundamental, principalmente nas pessoas idosas. Quanto mais rápida for a resposta, maior será a possibilidade de sobreviver e menores serão os estragos no cérebro que o mesmo poderá provocar, como também de sofrer sequelas. Para além disso, quanto mais tempo passar desde o episódio até à realização do tratamento, mais estragos no cérebro o mesmo poderá provocar. 

A recuperação torna-se mais difícil ou inexpressiva num cérebro idoso. Deste modo, os sintomas do AVC devem ser amplamente divulgados e conhecidos pela família e cuidadores do idoso, para que possam detetar a ocorrência o quanto antes e procurar auxílio hospitalar. Em Portugal, a Direção Geral de Saúde colocou em marcha a chamada “Via Verde” do AVC, um serviço que permite aos doentes com sintomas de AVC serem encaminhados para a unidade hospitalar mais indicada para tratamento do mesmo, o mais rapidamente possível. 



Sintomas de AVC no idoso:

Uma vez que é um problema que surge sem antecedentes, há sinais a que se deve estar atento. Entre eles:

  • Fala arrastada ou confusa;
  • Paralisia na face e/ou nas pernas e braços, habitualmente, apenas de um lado;
  • Visão turva ou alterada;
  • Tontura e/ou desmaio;
  • Desequilíbrio e fraqueza física;
  • Dor de cabeça súbita;
  • Sensação de formigueiro no corpo;
  • Hemorragia nos ouvidos.


De forma a diagnosticar um AVC, foi criada uma mnemónica, conhecida por “Os 5 “F’s” do AVC”. 

5 F's do AVC - 5 sinais do AVC


Quais as consequências de um AVC no idoso?


As consequências de um AVC num idoso são geralmente mais catastróficas do que num indivíduo mais novo. No entanto, tudo depende do tipo de episódio, da área do cérebro que foi afetada e do estado de saúde prévio. 

Os últimos dados apresentados pelo INE- Instituto Nacional de Estatística, referem que a idade média de óbito por doenças cerebrovasculares é de 82 anos, o que indica que as principais vítimas mortais do AVC são idosas. Em relação à recuperação de um AVC, os idosos tendem a ficar com mais sequelas e a taxa de mortalidade aumenta, devido às consequências do episódio e a fragilidade natural da idade. 

A reabilitação de competências como a fala e a recuperação no andar e na movimentação dos membros afetados é também mais dificultada na Terceira Idade e, mesmo com fisioterapia e terapia da fala, é mais difícil recuperar totalmente a capacidade funcional. Verifica-se, também, uma maior prevalência de demência pós-AVC, prejuízo cognitivo e mudanças de humor repentinas. 

Mas existe, também, uma consequência do AVC que poucos conhecem: a depressão, uma consequência direta do episódio de AVC que afeta mais pessoas com idade superior a 60 anos.



Como prevenir um AVC no idoso?


Existem fatores de risco que não podem ser alterados, mas que representam uma minoria de casos de AVC. Os hábitos de vida, por sua vez, representam a causa de uma grande parte dos episódios de AVC e podem ser alterados com uma maior disciplina, o mais cedo possível.

Os lares ou residências sénior podem ajudar a controlar melhor esses hábitos, uma vez que é feito um maior controlo na alimentação e estimulação dos idosos residentes, assim como pelo seu acompanhamento a nível de cuidados médicos. Mas, que tipo de hábitos e comportamentos é que podem diminuir a probabilidade do idoso sofrer um AVC?



Alimentação saudável

Muitos dos problemas de saúde que acumulamos à medida que envelhecemos, devem-se ao que colocamos no prato. A ingestão de muito sal, açúcar, álcool, gorduras más, alimentos processados e outros, originam a desregulação do nosso organismo e, consequentemente, possíveis doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e outras patologias, intimamente ligadas com o AVC.

A ingestão de legumes e verduras variadas, frutas, pouco doces, sopa e comidas pouco processadas, o favorecimento de cozidos e grelhados e o descarte de produtos fritos são algumas formas que o idoso tem de controlar a sua alimentação, de maneira a limitar o aparecimento ou o agravamento de muitas doenças, que no futuro podem causar um AVC.


Atividade física

Praticar algum tipo de atividade física é benéfica em todas as idades, mas torna-se fundamental na Terceira Idade. Manter uma vida ativa ajuda a manter o vigor físico mas, também, a controlar problemas como a obesidade, os diabetes e a manter os níveis de colesterol estáveis, que, se não forem monitorizados, são considerados fatores de risco de AVC. 

Na realidade, a prática regular de atividade física é, também, um elemento essencial para a recuperação pós-AVC. O idoso que faz exercício físico regularmente, apresenta uma memória muscular que o pode auxiliar numa recuperação física após sofrer um possível AVC. Além disso, a prática de atividade física é extremamente benéfica para a saúde mental do idoso, contribuindo para a sua recuperação também.

Limitar tabagismo e o consumo de álcool 

Não há nenhuma idade em que o tabaco e o álcool façam bem à saúde. No entanto, a recuperação dos órgãos internos e circulação sanguínea afetados pelo consumo de substâncias nocivas é muito pior nos idosos. O álcool e o tabaco, para além de diminuírem a imunidade, fazem mais estragos numa idade em que o corpo está mais envelhecido e a regeneração celular é muito menor. 

O tabagismo, principalmente, é um fator dominante no caso dos AVC, estimando-se que os fumadores têm duas vezes mais hipóteses de ter um AVC do que os que não fumam, calculando-se que 20% dos AVC sejam resultado direto do tabagismo.

Controlar fontes de stress e ansiedade

O stress, aliado a outras patologias, é um dos grandes propulsores de episódios de alguns tipos de AVC nos idosos. 

Algumas situações mais rotineiras podem não causar stress num adulto. Contudo, à medida que envelhecemos, estas podem começar a causar ansiedade e medos que resultam em fontes de stress desnecessárias, exemplo disso são conduzir, preparar as refeições ou limpar a casa. O idoso pode ter receio de ter acidentes ou de escorregar, resultando em fraturas ou outras mazelas, o que lhe pode causar ansiedade e stress. 


Vigilância médica regular

A assistência médica regular deverá ser impositiva na vida do idoso que quer evitar um problema de saúde e um episódio de AVC. Através de análises regulares, vigilância da tensão arterial e adequação da medicação, o médico pode avaliar o estado de saúde geral do idoso. 

Torna-se fundamental que o idoso seja vigiado de perto pelo médico, de forma a controlar os elementos que possam provocar desequilíbrios no sistema cerebrovascular, limitando assim a possibilidade de vir a sofrer de um AVC, com os efeitos devastadores que o evento habitualmente provoca.



A adoção de hábitos mais saudáveis diminui o risco de AVC nos idosos


Muitos episódios de AVC poderiam ser evitados com a adoção de hábitos mais saudáveis. O primeiro passo passa por identificar os fatores de risco. Alguns são inevitáveis, mas existem outros que podem ser superados. 

O controlo de hábitos e da alimentação tem inúmeros benefícios. Para além de diminuir a possibilidade de ocorrência de AVC, gera um bem-estar geral na saúde do idoso. O mesmo, ao estar inserido numa comunidade como um lar de idosos ou equiparado, está mais protegido e os fatores de risco são mais facilmente controlados, uma vez que estes equipamentos têm regras a cumprir tanto a nível alimentar como na promoção de um plano de atividades sociais e de exercício físico que promovem o bem-estar dos idosos.

​Se o idoso tiver um AVC, enquanto se encontra sozinho, sem ter a quem recorrer ou acesso ao tratamento o mais rápido possível, poderá ter consequências devastadoras. Para estes idosos que se encontram sozinhos, a família deverá ter uma atenção redobrada, de modo a evitar transtornos futuros, com consequências possivelmente irrecuperáveis.



Nos lares de idosos de qualidade, para além da vigilância 24h, acompanhamento e apoio nas atividades, os profissionais estão preparados para lidar com as consequências que advêm de um AVC e ainda de alguma forma evitar que os idosos residentes sofram deste tipo de problemas.



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