A vida do cuidador é mais difícil do que nunca

Por Susana Pedro , 23 de Fevereiro de 2021 Dependência


Um estudo recente do Instituto Rosalynn Carter para Cuidadores revelou que 83% dos cuidadores informais estão com níveis muito elevados de stress devido à pandemia de Covid-19.


A pandemia não beneficiou ninguém, mas dificultou e muito a vida de quem cuida de idosos, particularmente dos cuidadores informais.



Os cuidados aos idosos são mais necessários que nunca, e agora há novas regras de higienização constante. Os contactos exteriores foram reduzidos ao essencial, e toda a vida social foi adiada até um dia melhor. Os cuidadores informais têm hoje mais responsabilidades que nunca, e os apoios são muito limitados.



O medo pelo idoso gera stress no cuidador


Os idosos são uma das populações mais frágeis e suscetíveis a desenvolver formas graves de Covid-19. Por isto, tanto os idosos como os seus cuidadores têm um elevado medo da doença. Pensamentos como «e se o idoso apanha Covid-19 em casa?» são diários. Por mais cuidados que os cuidadores e idosos tenham, existe sempre algum risco de contrair a doença.


Toda a conjuntura nacional favorece sentimentos de ansiedade e angústia no seio do cuidador informal e do próprio idoso.



Não existe apenas medo pela saúde coletiva e pelo bem-estar do idoso. A pandemia de Covid-19 em Portugal levou a confinamentos, a dificuldades económicas e afastamento social. A incerteza foi um efeito secundário da doença, visto que a normalidade a que estávamos habituados já não existe. Temos hoje uma sociedade completamente diferente da do ano de 2019, e a angústia decorrente da incerteza também gera muito stress no cuidador.



Cuidar de um idoso envolve isolamento e solidão


Mesmo sem envolver uma pandemia mundial, cuidar de um idoso pode ser uma tarefa solitária. A vida social e profissional de um cuidador informal muitas vezes são negligenciadas, em nome do cuidado 24 horas de um idoso dependente. Se juntarmos a isto uma doença altamente transmissível, a solidão aumenta exponencialmente. Uma das premissas de cuidar de idosos em contexto de pandemia é mesmo o isolamento de possíveis fontes de contágio. O confinamento é essencial, e todos os contactos devem ser reduzidos ao mínimo necessário.


As medidas que ajudam a proteger da Covid-19 levam também a solidão e isolamento social, tanto do idoso como do seu cuidador.



Apesar de serem necessárias para minimizar o contágio e assegurar a segurança dos idosos, todas as medidas de isolamento social levam a um isolamento psicológico. A saúde mental dos cuidadores também deve ser tida em conta, tanto como a dos idosos.



A Covid-19 atrasou apoios a cuidadores de idosos


O Estatuto do Cuidador Informal foi finalmente aprovado, com algumas medidas que poderiam beneficiar imenso os idosos que necessitam de cuidados. Mas a pandemia fez com que os projetos piloto, que deveriam ter iniciado no início de Abril, fossem atrasados para o verão.


Este atraso dos Projetos-Piloto levou a que a fase seguinte (de conceder apoios a toda a população de cuidadores de idosos) seja também atrasada.



Até agora, apenas em 30 concelhos existem apoios, que têm a duração de 12 meses. O falado apoio ao cuidador informal inclui medidas de acompanhamento, aconselhamento, capacitação e formação para o cuidador, além de um subsídio para o cuidador principal.



O cuidador também tem de cuidar de si


Os efeitos da Covid-19 pelo mundo fora geraram muitos sentimentos negativos entre o cuidador e o idoso cuidado. Apesar de isto acentuar a dificuldade de cuidar de um idoso em casa, não se isole mais, procure ajuda se precisar dela.


Há linhas de apoio psicológico e, se o idoso precisar de mais apoio, pode sempre considerar contactar um apoio domiciliário ou mesmo um lar de idosos.



Pode parecer que a pandemia nunca mais acaba, que todos os dias temos de ter mais cuidados e nos sentimos mais isolados. Converse sobre isto com familiares ou pessoas próximas. O cuidado que presta ao idoso é necessário e de louvar nesta altura.


​Para encontrar apoio de um lar

basta submeter um pedido ou ligar 939 667 800.